*
Duas semanas depois.
A revista foi um sucesso, as fotos do Bruno ficaram ótimas! Sobre nós, estamos na
mesma, ele agora me chama de Ivi, trocamos mensagens todos os dias e fiquei
triste com a notícia que ele me deu de que sua mãe estava doente, e claro
preocupada já que eu sei da ligação forte que eles têm. Pensei em ir vê-lo, mas achei
o momento delicado de mais.
Hoje
é sábado finalmente, irei ficar por casa, como os outros dias, não estou a fim
de sair, ainda mais sozinha. Eu e Bruno não nos falamos desde ontem pela manha,
sua última mensagem foi dizendo que estava com medo de algo pior acontecer com
sua mãe, eu disse para não pensar nisso e que logo ela ficaria bem...
Levantei
da cama, abri a janela e um tempo nublado e feio apareceu, a fechei
imediatamente, odeio tempo assim, me deixa triste, desanimada! Fui para o
banheiro, fiz minha higiene, fiquei pensando no que poderia fazer para passar o
tempo e decidi ler, faz tempo que não faço isso. Peguei meu livro, “Entre o
amor e a amizade”, que já tinha começado lê-lo, mas abandonei por falta de
tempo, voltei para cama, mas meu celular toca, o Bruno.
-
Alô? – Disse.
-
Lívia? Aqui é o amigo do Bruno, Philip. Pode falar? – Ele disse calmo, mas já
achei estranho.
-
Oi Philip, posso sim. Aconteceu alguma coisa? – Perguntei em seguida.
-
Phil, por favor. Sim... É sobre a mãe do Bruno, ela não resistiu. – Falou calmo
e eu senti meus olhos encherem de lágrimas junto com o aperto no coração.
-
Não acredito... – Falei triste.
-
Pois é... O Bruno tá arrasado, então queria te pedir para vim para casa dele.
Sei da amizade de vocês e acho que seria bom pra ele conversar com outras
pessoas, porque nós ele já nem quer mais ouvir. – Ele explicou.
-
Claro, irei sim! Obrigada por avisar, chego em meia hora! - Respondi
-
Ok, até logo! – Ele disse e desliguei.
Não
acredito, não pode ser verdade! Sei bastante sobre a mãe dele, a Dona Bernie,
todas as vezes que conversávamos sobre ela ele contava o quão incrível ela era,
que seria capaz de fazer tudo por ela, e sempre deixou bem claro que nunca se
veria longe dela... Tadinho do Bruno!
Levantei
da cama às pressas, vesti uma calça jeans branca, camiseta azul, casaco jeans e
uma sapatilha azul, não fiz questão de maquiagem, apenas um colar. Fui para o
banheiro e penteei meus cabelos, os deixando soltos mesmo.
Peguei
minha bolsa e desci correndo, meu pai estava na sala assistindo algum programa
na tv.
-
Pai, aconteceu uma coisa horrível... A mãe do Bruno faleceu! – Falei e senti
meus olhos se encherem de lágrimas.
-
Oh filha! – Ele levantou para me abraçar.
-
O amigo dele me ligou pedindo para ir para lá ficar com ele, ele tá arrasado! –
Falei durante o abraço.
-
Tudo bem. Admiro essa amizade de vocês! Se acontecer alguma coisa me liga! –
Falou ele com sua mão esquerda no meu rosto, fazendo-me um carinho.
-
Ligo sim. Se cuida! Te amo! – Falei e sai.
Entrei
no carro, não fiz questão nenhuma de ligar a rádio, só queria chegar lá o mais
rápido possível, abraçar o Bruno e dizer que tudo vai passar... Cheguei
estacionei na frente da casa e tinham alguns carros, provavelmente dos amigos e
familiares. Desci e vi um homem na frente do portão, ele deve ser o famoso
Philip Lawrence, segui em sua direção.
-
Lívia? – Ele sorriu.
-
Phil? – Rimos.
-
Vamos lá dentro... – Entramos.
Tinham
vários homens na sala e uma mulher, não sei ao certo quem são. Sorri para eles em forma
de cumprimento e Phil me guiou até o quarto.
-
Depois eu te explico melhor o que aconteceu e lhe apresento a banda e a irmã
dele. Tudo bem? – Ele perguntou.
-
Claro! – Sorri e senti um nó na garganta e olhos marejados.
-
Seja forte por ele! – Ele disse e eu abri a porta do quarto de leve.
Bruno
estava deitado, virado para janela então não tinha visão da porta. Entrei
silenciosamente e ele se virou, seus olhos estavam vermelho, cabelo bagunçado,
rosto inchado. Apressei meus passos até a cama, ele sentou-se eu sentei-me
escorada na cabeceira, ele se encostou a mim abraçando minha cintura. Dói vê-lo
desse jeito!
-
Ela... ela se foi! – Ele disse chorosamente.
-
Bru... Olha, meu pai sempre me disse que as pessoas vem a para a Terra em uma
missão, e quando essa missão acaba elas voltam para sua origem. – Falei calma
enquando sua cabeça repousava a mim.
-
Queria ter sido um filho melhor... – Ele disse baixo me abraçando pouco mais
forte.
-
Não diga isso Bruno! Você é um homem perfeito, todos se orgulham de você! –
Falei e ele ergueu a cabeça para me olhar. – Você é um bom filho, amigo,
cantor, irmão, tio... É normal se arrepender de certas atitudes, mas esteja
ciente do quando você é incrível! – Falei calma. – Cade o cara forte que sempre
faz os outros rir? – Falei e ele sorriu.
Inclinei-me
e dei um forte e estalado beijo em sua testa. Ele voltou repousar sua cabeça a
mim, dessa vez as melhores palavras eram vindas do silêncio. Fiquei olhando
para ele e caiu uma lágrima fujona. Sou amiga, mas devo ser forte por ele, não
são isso que os amigos fazem? Então. Sequei-a imediatamente.
-
Você já conheceu o pessoal? Tomou café? – Ele perguntou baixo sem me olhar.
-
Não e não! Não se preocupe com isso! Descanse! – Respondi.
Viu
porque eu disse que ele é um homem perfeito? Mesmo com toda sua dor ele se
preocupou comigo. Lembrei-me do que diz a letra da música:
“Pretty pretty please don’t you ever ever feel”
(Querido, querido nunca nunca se sinta)
“Like you’re less
than fucking perfect”
(Como se fosse menos perfeito pra caralho )
“Pretty pretty
please if you ever ever feel”
(Querido,querido, por favor, se em algum momento você
se sentir)
“Like you’re nothing you’re fucking perfect, to me”
(Como se
fosse nada, você é perfeito pra caralho para mim)
Bruno dormiu, e eu acabei fazendo o mesmo, dormi
sentada com ele em meus braços. Acordei tempo depois com barulho da porta se
abrindo, era uma mulher.
- Como ele tá? – Perguntou baixo.
- Descansando! – Sorri.
- Desculpe, nem perguntamos. Você quer comer alguma
coisa? – Ela perguntou.
- Agora não! Obrigada, mas acho que ele sim... – Falei
olhando para o Bruno.
- Irei trazer algo para vocês! – Ela disse sorrindo e
saiu do quarto.
Essa moça, acredito que seja a irmã quem o Phil comentou, não sei exatamente
o nome, mas tenho certeza de que ela seja uma das Lylas, o grupo musical que as
irmãs dele formaram. Realmente, toda família dele é talentosa. Perdida em
pensamentos nem vi que Bruno havia despertado, e estava chorando
silenciosamente.
- Bruno... – Falei.
- Desculpa... não dá! Não aguento saber que nunca mais
irei vê-la! – Ele disse.
- Dá sim, ela estará com você para sempre, e não deve
estar feliz vendo você assim.
Ele sentou-se virado para mim e me abraçou, um abraço
forte, buscando refúgio. Passei minhas mãos em seu pescoço e acariciei seus
cabelos, ele entrelaçou a mão em minha cintura e depositou sua cabeça no meu
ombro. Nos soltamos e eu sequei algumas das lágrimas que caiam.
- Não quer descer um pouco? Dar uma caminhada, pegar
um ar? – Perguntei e ele respondeu positivamente.
Levantei e ele também, foi para o banheiro lavar o
rosto e nós descemos. Ele desceu e foi direto para o pátio sem falar com
ninguém, e eu segui na direção da irmã dele que estava preparando um suco.
- Vou ali falar com ele. – Disse o Phil.
- Phil, não! Deixa ele respirar um pouco sozinho. É
melhor assim! – Falei e ele voltou a sentar-se no sofá.
Todos estavam em silêncio, então um homem veio falar
comigo.
- Oi Lívia! – Ele disse.
- Oi... Ryan? – Perguntei na dúvida.
- Sim, posso te apresentar o pessoal? – Ele perguntou
e eu acedi positivamente com a cabeça.
- Então. Phil, Ari, Jam, Phred, Kam, Dwyne, Jay, John
e Eric, irmão do Bruno. – Ele disse apontando para cada um dos meninos que
acenaram.
- Prazer! Lívia! – Sorri para eles.
- Ah, e essa é a Jaime, irmã mais velha do Bruno! –
Ele disse olhando para ela.
- Imaginei! – Sorri para ela.
- Leva para ele? – Perguntou Jaime com o suco na mão.
- Sim. – Peguei o copo e segui na direção do pátio.
Não sei se mencionei, mas o pátio é enorme, lindo e
muito bem cuidado. Andei e parei frente a piscina, meus olhos passaram pelo
local atrás do Bruno, achei-o, estava sentado abaixo de uma arvorezinha. Caminhei até ele e sentei-me ao seu lado, fazendo pernas de ‘borboleta’.
- Como tá? – Perguntei entregando-lhe o suco.
- Com dor! – Respondeu.
Não falei nada, ele bebeu um pouco do suco, largou-o
na grama e se ajeitou para deitar, usando minhas pernas de travesseiro.
Coloquei minhas mãos em seu peito, acariciando-o. Fiquei olhando para o céu
nublado, ameaçando chuva, desvivei meus olhos ao Bruno que se encontraram, ele
me fitava e parecia estar afundado em pensamentos.
- O que foi? – Perguntei.
- Você... Obrigada pelo apoio, carinho! Por estar
cuidando de mim novamente, por se preocupar comigo, deixar de fazer suas coisas
para vir aqui me ver chorar. – Ele disse com um sorriso sem mostrar os dentes.
- Não precisa agradecer... É isso que os amigos devem
fazer... You can on me like one, two, three. I’ll be there! – Citei sua música.
- And I know when I
need it can count on you like four, three, two. And you’ll be there! – Ele continuou.
Meu telefone toca tirando o momento “declaração de
amizade”. Olhei era o Fred.
- Anjo o que vai fazer na hora do almoço? – Ele perguntou.
- Oi Fred, desculpa. Mas eu tô bem ocupada! –
Respondi.
- Posso saber com o que, moça? – Ele perguntou.
- Depois eu te explico melhor! – Respondi.
- Então tá bom... Beijos! - Ele disse.
- Beijos. – Falei e desliguei, Bruno me olhou com cara
de interrogação.
- Se você tiver compromisso não se prenda aqui! –
Bruno falou.
- Não! Eu tô aqui para ajudar um amigo, e só irei
embora quando ele melhorar! – Respondi sorrindo.
- Obrigada! – Respondeu.
Ficamos em silêncio por longos minutos até Phil
aparecer.
- Lívia, posso falar com ele um pouco? – Ele perguntou.
- Claro! – Falei, fiz um carinho rápido no rosto do
Bruno e lavantei.
Saí de perto para deixá-los conversando a sós. Fui na
direção das espreguiçares, me sentei em umas delas e fiquei fitando o chão,
pensando em porque tá acontecendo tudo isso? A um mês atrás não nos
conhecíamos, e hoje estamos próximos assim. Como isso? Enquanto me perguntava
isso mentalmente senti uma mão leve tocar meu ombro, olhei era Jaime. Sorri e
ela sentou-se ao meu lado.
- Gosta dele não é? – Ela perguntou olhando na direção
do Bruno.
- Como amigo! – Falei olhando para ela.
- Ele diz o mesmo!
- Então! – A olhei e ela riu baixinho negando com a
cabeça.
- Me ajuda a fazer a fazer o almoço? – Perguntou.
- Claro! – Sorri.
Bruno e Phil ficaram lá conversando e nós entramos
para fazer o almoço, o clima não estava dos melhores, mas ele se esforçavam
para melhorar. Jaime decidiu fazer apenas macarrão com carne, por ser simples e rápido.
Almoçamos, Phil tentava animar o pessoal as vezes
Bruno entrava na onda mas logo se calava, ao menos me deixou tranquila por ter
se alimentado bem, afinal estava uma delícia, e não estou sendo convencida
porque eu quase não ajudei, os créditos são todos da Jaime. Recolhemos a mesa e
organizamos a cozinha, quando terminamos Bruno me chamou, disse que precisa
conversar comigo de novo então o segui até seu quarto. Ele queria que eu fosse
para o Hawaii com ele hoje de madrugada e é claro que eu não vou, não pega bem,
é um momento delicado e mais família, uma coisa é os meninos da banda que
conhecem ele a alguns anos irem e outra bem diferente é uma amiga que conheceu
a um mês. E tem mais, a mídia vai ficar encima dele por causa de tudo isso, as
fãs vão ficar loucas, imagina se verem nós juntos? Justo comigo que recém fiz
uma entrevista com ele. Não, não quero confusão!
Aproveitando que estávamos no quarto dei a ideia do
Bruno dormir um pouco, descansar. Ele deitou abraçado a mim e logo pegou no
sono, seu cansaço era nítido. Fiquei um tempo o olhando dormir e decidi ir
embora, não quero despedida e vê-lo mais triste por eu não ir junto. Assim fiz,
fui me desvencilhando aos poucos dele, dei um beijo na testa dele me levantei
por completo e saí do quarto.
Desci, conversei com a Jaime e o Phil explicando tudo
e eles concordaram comigo que assim seria melhor, menos doloroso para o Bruno.
Me despedi de todos os meninos e fui para casa.
[...]
Eram quase onze horas da noite e eu me preparava para
dormir quando Bruno me mandou sms, provavelmente só acordou agora.
“Que bonito
me abandonar assim Dona Lívia. Já que você não vai comigo, posso ao menos te
ligar as vezes? Meu Voo é em duas horas, minha cabeça vai estourar e precisava
de um abraço seu. Se já estiver dormindo... Obrigada por tudo isso que tem
feito por mim, não sei como te agradecer... Uma boa noite e se cuida! Beijos.”
É bobo né? Respondi-o.
“Desculpa Bru,
achei melhor assim, é claro que pode me ligar sempre que precisar. Toma algum
remédio, sinta-se abraçado com um beijo na testa e com um recado de seja forte,
conte comigo. Já disse que não precisa agradecer...”
Mandei, em seguida veio a resposta.
“E quando eu tiver vontade de ouvir sua voz?
E quando eu só quiser te incomodar e saber que está aí para me ouvir?”
“Haha, sim Bruno, sempre que precisar, quiser
ou não quiser. Bom Bruno, vou dormir, tenha uma boa viajem, tenta ver o lado
bom das coisas, descansa a cabeça, e dá uma passeada porque faz bem. Boa noite,
beijos.”
“Agora
melhorou! Tudo bem, uma boa noite, se cuida, se precisar ou quiser pode me ligar
também! Beijos, até a volta”
Larguei o celular no criado. Sentia meu coração apertado, um nó na garganta e as lágrimas prontas para cair, adormeci assim...