Capítulo 2

  Acordei com o celular tocando às sete e meia, espreguicei-me levantei e abri minha janela. Um ótimo início de verão sorri sentido o sol me aquecer. Corri para o banho, despi meu pijama e entrei no Box, lavei os cabelos e enrolei um pouco pensando no vestir, não posso me arrumar muito, mas também não posso ir desleixada, dúvida cruel, calça jeans ou um vestido? Saí do banho já com pensamentos a mil. Decidida. Vesti meu vestidinho azul que algum tempo não usava, um sapato de salto preto. Voltei ao banheiro, sequei meus cabelos com o secador e os prendi a um rabo de cavalo, em seguida me maquiei, usando apenas o delineador.

  Peguei meu celular e mostrava um novo sms, abri.

“Bom dia flor do meu dia. Amizade é sentir-se perto mesmo quando se está longe...! Sei que você consegue! Boa sorte! Amo-te Liv!“

  Fred desde que eu o conheci é assim, um irmão que nunca tive um amigo que se faz presente mesmo quando se está longe, outro que sempre me dá palavras doces nos meus momentos de nervosismo. Respondi.

“Muito obrigada meu anjo. Ligo para vocês quando puder! Um ótimo dia. Amo-te.”

  Peguei tudo que eu precisaria para entrevista e guardei na bolsa. Desci. Na cozinha meu pai estava passando café, algo estranho porque ele não tem esse tipo de hábito.

- Bom dia! – Sorri.

- Bom dia senhorita de vestido curto! – Ele implicou.

- Nem começa! Está ótimo assim, senhor chatice e implicância. – Falei dando uma voltinha.

- Tudo bem, não discuto! – Rendeu-se ele. –  Nervosa filha? – Ele perguntou depois.

- Não muito! Confiante! – Sorri convencida.

 Tomamos café com calma, pois ainda é relativamente cedo, e pelo endereço que me foi passado a casa do Bruno Mars não é muito longe, acho que é mais ou menos uns vinte minutos daqui. Terminamos e eu voltei ao quarto para escovar os dentes, desci peguei as chaves e despedi-me do meu pai.

- Se cuida! Até mais tarde! – Falei dando um beijo nele.

- Você também, boa sorte! – Ele disse e eu saí.

  No carro com a rádio ligada tocava outra música do Bruno, chamada Locked Out Of Heaven, primeiro single lançado do seu álbum novo. Rua pouco movimenta e tranquila, estacionei o carro na frente de uma das mais lindas casas de Santa Mônica. Desci nem foi preciso esperar, ele já tinha me visto com o portão entreaberto.

- Bom dia. – Ele disse sorrindo, cumprimentando-me com dois beijos no rosto.

- Bom dia, prazer em conhecê-lo! Lívia Kendrick! – Falei sorrindo.

- O prazer é meu. Bruno! – Ele disse sorrindo novamente.

  Adentramos ao pátio, observei a forma que ele estava vestido, regata cor de vinho, bermuda camuflada, pés descalços e cabelos levemente bagunçados. Digno de um dia de folga.

- Com fome? – Ele perguntou sorrindo.

- Não, já tomei café. Obrigada – Sorri.

- Uma pena. Vamos começar lá dentro ou aqui fora? – Ele pergunta.

- Sinta-se a vontade para escolher! – Respondi.

  Ele pensou e decidiu começar ali fora. Sentamo-nos nas cadeiras que tinha na área, que dava uma vista linda com a piscina, o gramado bem cuidado mais belo sol.

- Bela vista! – Elogiei enquanto ligava o gravador e deixava sobre a mesa.

- Bom Bruno Mars, ou Peter Hernandez... Apelido diferente o seu, não? – Iniciei, ele sorriu.

- Às vezes me esqueço do meu nome! – Ele comenta.

- Desde quantos anos tem esse apelido? – Perguntei.

- Desde pequeno, o Bruno meu pai me deu desde muito novo, e Mars eu recebi quando já estava no colegial. – Ele responde.

- E você, se considera um cara de Marte? – Perguntei e ele arqueou as sobrancelhas.

- Hm, talvez. – Ele ri. – Mas não sei por quê. Normalmente são as pessoas que dizem o que sou. Você acha que sou de Marte? – Ele pergunta.

- Não exatamente, não sei como devem ser caras de Marte, mas você é diferente, eu admiro isso! Tem seu próprio estilo, tanto musical, como em vestimentas. É raro homens como você! – Elogiei-o.

- Obrigada. É bom ver que as pessoas reconhecem meu jeito. – Ele diz.

  [...]

- Posso? – Ele pergunta pegando o gravador para desliga-lo.  

- Claro! – Sorri.

- Chega de perguntas a mim, preciso saber sobre você! – Ele diz sorrindo.

- O que quer saber senhor Mars? – Perguntei e ele ri.

- Nome eu já sei, Lívia, lindo por sinal. – Ele diz. – Seus gostos, sonhos, vida... Essas coisas! – Ele se complicou para dizer.

- Tudo bem... Como sabe me chamo Lívia, tenho 26 anos, faço aniversário dia 20 de Outubro. Sou formada em Jornalismo e Publicidade. Minha cor favorita é azul, sou apaixonada por música... Moro com meu pai. Sobre a vida, perdi minha mãe logo após o parto... – Suspirei.

- Me desculpe, não precisa continuar se não quiser! – Ele disse olhando nos meus, e de alguma forma me senti segura.

- Não... Tudo bem! Meu pai morava na Carolina do Norte, conheceu Luana, minha mãe quando tinham seus vinte anos. E como todos os homens, ele tinha um sonho, morar na Califórnia e cursar advocacia, convidou minha mãe para morar num singelo apartamento com propósito de melhorar suas vidas. Conseguiram, eles casaram jovens e logo descobriram a gravidez... Passaram oito difíceis meses, e quando foram visitar uma tia minha no Brooklyn minha mãe passou mal, ficou hospitalizada por lá mesmo, e eu acabei nascendo prematuramente, e por ter sido uma gravidez de risco, minha mãe já estava debilitada e acabou não resistindo... – Falei deixando uma lágrima cair.  

  Bruno ficou prestando atenção em cada palavra que eu disse, mostrando-se interessado, e no final quando caiu à lágrima, ele se levantou puxando sua cadeira até meu lado sentou-se novamente e segurou minha mão. Eu nunca comentei sobre minha história assim com pessoas que acabo de conhecer, mas Bruno me fez sentir segura e no fundo talvez eu estivesse precisando de alguém para conversar... E o erro foi à pessoa, e o momento que escolhi, não sou paga para isso... Olha a merda que eu fiz.

- Bruno, me desculpe! Eu não deveria lhe encher com meus problemas... Desculpe. – Falei me levantando.

- Calma, posso ser amigo também... E às vezes é bom conversar com um. – Ele disse.

- Mas eu não devia... Desculpe-me! Bom, volto mais tarde para continuar a entrevista. Depois do almoço! – Falei recolhendo minhas coisas.

- Não, você vai almoçar comigo... Vem, vamos lá dentro! – Ele disse me puxando.

  Meu subcociente diz que estou errada, contrária minhas ideias, mas meu coração fala diferente, fala para eu segui-lo, não há nada de mal em ter novos amigos, sendo ele quem for.

- Você está por dentro da legítima folga do Bruno Mars... O que você faz nas suas folgas? – Ele pergunta.

- Nada de especial... Durmo, assisto filmes, converso com meu pai... E sempre acabo trabalhando. – Sorri.

- Não gosta de sair? Jantar fora, dançar...? Você é tão linda para ficar só trabalhando, ou em casa. – Ele fala

- Obrigada! Gosto, mas minhas companhias andam ocupadas ultimamente. – Disse.

- Se você aceitar, podemos sair para jantar um dia... – Comentou ele.

- Será divertido. – Sorrimos.

- Não sou muito bom na cozinha, então vamos comer sanduiches natural, okay? – Ele perguntou.

- Claro! Posso ajudar? – Perguntei e ele acedeu positivamente com a cabeça.

  Bruno realmente disse a verdade, ele não sabe se virar numa cozinha. Ele queria sanduíche de atum, porém não sabia fazer, então eu ia lhe explicando enquanto ele me alcançava às coisas necessárias. É tão simples que chega ser engraçado, mas tudo bem. Coloquei o atum e uma quantidade de maionese num refratário, mexi tudo e como meu pai me ensinou coloquei quatro gotinhas de limão. Difícil não?! Bruno lavou as saladas, e eu coloquei o queijo no pratinho.

- Onde vai querer comer? – Perguntei após servir o suco de laranja.

-Lá fora. – Ele disse e eu levei as coisas para a pequena mesa lá fora.

  Comemos, e modéstia parte ficou uma delícia, e olha que eu também não sou lá muitas coisas na cozinha, mas do meu jeito.

[...]

- Bom Bruno, muito obrigada por ceder essa entrevista! Amanhã combinamos sobre as fotos. – Eu disse enquanto guardava as minhas coisas.

- Agradeço! Foi um prazer te conhecer Lívia! – Ele disse sorrindo.

  Ele me levou até o portão, suas mãos ficaram dentro do bolso da bermuda ele olhava para o chão, triste (?).

- Até logo, Bruno! – Sorri e saí.

- Hey, espera! – Ele disse.

- O que foi? – Voltei uns passos.

- Será que pode me passar seu número? – Ele pediu com carinha de cão abandonado.

- Claro! – Falei e ele me entregou seu celular para eu salvar e depois me ditou o seu para eu fazer o mesmo no meu.

- Obrigada, até amanhã! – Ele disse e me deu dois beijos estalados na bochecha. – E ah, não se esquece do que eu te falei, você é jovem e linda de mais para ficar só em casa! – Sorrimos, eu entrei no carro e fui embora.

  Como eu sofri por antecipação, imaginei o Bruno Mars de tantas formas menos a que ele realmente é, um cara elegante, charmoso, educado, querido, divertido que usa a música para se divertir. Além do mais, deve ser um ótimo amigo! Como a gente se engana! – Pensei.

  Cheguei, estacionei o carro, peguei minha bolsa e entrei em casa e meu pai estava na sala, aparentemente assistindo algum filme.

- Ué, decidiu usar meu conselho? – Falei.

- Claro! Vem assistir comigo! Recém começou! – Ele disse batendo as mãos no sofá.

  Assim fiz, larguei as coisas na poltrona e me aconcheguei no sofá ao seu lado.

- Como foi a entrevista? – Ele disse passando a mão na minha cabeça.

- Incrível! – Falei.

  

  Era um filme de Guerra, mas eu nem prestei muito atenção, meus pensamentos ainda estavam a mil, e em uma pessoa, Bruno e naquele sorriso encantador.

- Foi impressão minha ou você nem prestou atenção no filme? – Perguntou meu pai quando acabou.

- Sinceramente pai... Desculpa, mas eu não prestei muito atenção! – Fiz bico.

- Anda pensando em que? Digo, em quem?

- Ninguém em especial! Ué! – Enrolei.

- Hm, vai tentar enganar o pai de cinquenta e um anos? – Ele disse sério.

- Você é vidente agora? – Enrolei de novo.

- Não me enrola Lívia! Sabe que pode me contar as coisas! – Argumentou.

- Tá bom... No Bruno, na entrevista! – Falei e um sorriso brotou em meus lábios.

- Já sabia! – Disse baixo.

- Ai pai, ele é divertido, perfumado, lindo... Atencioso! – Falei pensando em mais qualidades.

- Que bom filha! Mas toma cuidado! –Ele disse protetor.

- Eu sei... Bom vou editar essas coisas! Boa noite até amanhã! – Falei deixando beijos no ar para ele que fez o mesmo.

  Atirei-me na cama, estou cansada, animada, com preguiça e cheia de coisas para editar! Mas antes irei ligar para a Tory e o Fred antes que eu mate os dois de ansiedade e curiosidade.

- Isso são horas moça? – Disse Tory após atender.

- Eu estava assistindo filme com o pai. Desculpe! – Expliquei-me.

- Hm, e como foi a entrevista, conta logo! TUDO! – Ela disse animada.

- Ah, foi incrível! O Bruno é a perfeição em pessoa! – Falei rindo.

- Ai meu Deus! Apaixonei! – Disse ela e nós rimos.

- Tory, eu converso melhor com você amanhã tá? Eu estou muito cansada... – Falei torcendo os lábios.

- Tudo bem amor! Descansa e amanhã quero detalhes! – Disse rindo.

- Pode deixa, liga para o Fred por mim, por favor? Se desculpa com ele, porque eu vou é dormir agora! – Falei e acabei bocejando.

- Okay... Boa noite! Até logo! Beijos! – Falou ela.

- Até. Beijos! – Desliguei.

  Levantei da cama e fui tomar um banho rápido, saí e me atirei na cama de novo. Liguei o despertador, me aconcheguei para pegar no sono e meu celular toca anunciando mensagem. Agrh! Olhei era o Bruno.

“Não sabia que numa entrevista conheceria uma mulher tão divertida, inteligente, meiga, linda... Espero que não se importe, mas achei milhares de qualidades em você. Uma boa, noite te espero amanhã! Beijos”

  Como não sorrir com uma mensagem assim? Poxa!

“Obrigada, digo o mesmo a você, incrível e talentoso! Vemo-nos amanhã, beijos e boa noite!” – Mandei.

  Larguei o celular e adormeci. 

  Bruno POV’S

  Essa semana foi mais tranquila que as outras, tiveram só uns ensaios no estúdio, sem tantas entrevistas, rádios, programas de tv, apenas hoje, uma entrevista divertida com a Entertainment Weekly aqui em casa. Quem veio foi a Lívia, uma mulher linda, meiga, tímida, divertida, inteligente e claro que não pude deixar de perceber o corpo escultural que ela tem.... Passamos o dia entre risadas, contei algumas coisas para ela que constariam na revista, ela me contou algumas sobre sua vida, fiquei bem tocado com a história dela, de certa forma orgulhoso, porque eu não me vejo longe da minha mãe assim... Minha mãe, estou morrendo de saudades dela... Mas realmente nesse momento não posso ir para o Hawaii.

  Depois que Lívia foi embora fiquei sentado na beira da piscina, com os pés na água, estava anoitecendo, e uma linda paisagem se formara no céu. Tudo bem até uma brisa gelada me fazer espirrar. É melhor entrar, não será legal ter um Bruno Mars doente! – Falei a mim mesmo, levantei e entrei.

  Passei pela cozinha, fiz um sanduíche com as coisas que Lívia preparou hoje, ficou tão bom. Peguei uma latinha de Cream Soda e subi. Liguei a tv e terminei de comer. Levantei para tomar banho, fui para o banheiro, despi minhas roupas e entrei no Box, finalizado saí e me enrolei no roby branco fui para o closet, vesti a cueca e em seguida uma calça de moletom cinza, para dormir. Voltei para cama, pensei em mandar um sms para Lívia, mas desisti quando o celular tocou.

- Ei cara, como foi à entrevista? – Perguntou Ryan quando atendi.

- Bem divertida! A Lívia é bem legal! – Falei tentando não demonstrar empolgação.

- Aham. Ela vai aí amanhã de novo, né? – Ele perguntou.

- Sim, faremos as fotos! – Respondi e sorri.

- Então beleza! Boa noite bro! – Falou ele.

- Boa noite cara! – Disse e desligamos.

  Depois da ligação do Ryan pensei de novo se mandava uma sms para Lívia, e sim, mandarei!

“Não sabia que numa entrevista conheceria uma mulher tão divertida, inteligente, meiga, linda... Espero que não se importe, mas achei milhares de qualidades em você. Uma boa, noite te espero amanhã! Beijos”

  Esperei um tempinho e a resposta veio.

“Obrigada, digo o mesmo a você, incrível e talentoso! Vemo-nos amanhã, beijos e boa noite!”

  Larguei o celular no criado mudo e fui dormir satisfeito.