quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Capítulo 40

- Oi! – Eu disse em seu ouvido.

- Senti falta desse sorriso lindo! – Ela disse no meu ouvido também. Sorri mais.

  Sentamos-nos no sofá e ficamos abraçadas. Ela é a única pessoa que talvez possa me conhecer melhor do que eu mesma e por isso ela está tão curiosa. Hoje eu estou bem, mas a angustia anda comigo e ela sabe muito bem, ok, precisamos conversar.

  A puxei para a área da casa e nos sentamos nas poltronas que dão vista a toda Los Angeles  coberta por uma fina camada de gelo, nada que se compare ao centro ou as nevadas fortes que deram dias atrás.

- Você decidiu? – Ela finalmente cortou o silêncio.

  Suspirei profundamente. Falar sobre isso era a última coisa que eu queria, mas não posso fugir.

- Sim, eu decidi! – Respondi e Tory me olhou. Sei o que ela está pensando. – Eu vou!

- Tá, e... Já contou para ele? – Seu olhar de súplica implorou por uma resposta positiva, mas não.

- Eu não sei como, toda vez que eu tento ele abre um sorriso e me desarma totalmente. Não posso fazer isso. – Eu disse com as mãos no rosto.

- Eu não acredito Lívia! – Ela disse alto e bateu com as mãos na perna.

- Ei, shiiiu! Eles vão ouvir!

- Ei, shiu?! Não Lívia! Isso não é certo! Olha o tanto que essas pessoas fizeram por você... Eu sou sua amiga, sempre vou te amar independente, mas acho que isso não é certo! – Ela disse séria.

- Eu sei que não, mas não posso simplesmente ir ali e estragar o Natal do Bruno. – Tentei explicar.

- Desde quando você está decidida? – Ela perguntou.

- Faz três dias! – agora sim ela vai se revoltar.

- Okay, tudo bem! Faça o que você quiser e saiba dos riscos que corre. Eu não posso fazer isso por você, mas independente disso eu sempre estarei aqui! – Ela disse. Levantou-se e me fez levantar também para darmos um abraço.

- Obrigada! – Eu disse.

- Hum-hum! Atrapalho? – Me assustei com o Ryan fazendo voz grossa.

- Não! – Responde a Tory. – E aí? – Continua.  É, sobrei aqui.

- Vamos jogar dorminhoco? – Ele pergunta.

- Opa, claro!

  Entramos e a mesa já estava posta, as cartas separadas apenas esperando por nós. Confesso que não estava muito a fim de jogar, mas como todos vão jogar eu não quero sobrar. O jogo funciona da seguinte forma: Foram separadas as trincas de letras e números conforme a quantidade de pessoas. Quem ficar com quatro cartas deverá começar e para bater deve-se formar uma trinca, depois de pronta abaixe as cartas na mesa discretamente. O último jogador a abaixar as cartas ganhará o título de dorminhoco e deverá beber um copinho de licor de pimenta.  



- Eu aposto que o Dwayne vai beber, porque o que tem de boca não tem de olhos! – Bruno soltou sua primeira piadinha, mas ninguém riu.

- Você é tão engraçado que nem repara que daqui você é o que tem o olho menor! – Dway o responde na maior calma e o Bruno lhe dá amigavelmente o dedo do meio. Todos riem.

  Cindia que preferiu cuidar das crianças começou o jogo dando as cartas e eu como era a última a receber comecei. Minhas cartas estavam todas diferentes então nem me preocupei em escolher, apenas entrei uma carta ao Phil. O jogo prosseguiu muito bem, toda hora que alguém dormia a sala era tomada por gracinhas e risos.

- Eu disse que o Dwayne ia dormir! – Bruno disse sem ao menos perceber que ele era o único que não tinha abaixado às cartas.

- Bruno, boca fechada não entra mosca! – Tiara disse e todos caíram na risada.

- Não vale, eu estava falando! – Ele disse beiçudo.

- Você é tonto por natureza cara, não esquenta! – Ryan disse. – Bebe aí.

  Às risadas eram altas e a bebida forte, eu sentia que minha cabeça ia estourar, parecia que estava de enxaqueca e só bebi quatro copinhos. É, era só o que me faltava. Pedi desculpas por abandonar o jogo e fui para o quarto do Bruno. Tomei um remédio e deitei com as luzes apagadas e um travesseiro no rosto.

  Fazia um ano que eu não sentia essa dor tão forte, mas também eu nunca fiquei num ambiente com tantas risadas altas e bebida forte, era meio óbvio que isso aconteceria. Que merda!

  Ouvi a porta se abrindo e senti alguns passos leves até a cama, retirei o travesseiro do rosto e o Bruno estava bem do meu lado, sorri amarelo.

- Como você tá? – Perguntou e imitou minha pose na cama: barriga para cima e mãos cruzadas.

- Com dor! – Reclamei baixinho.

- Quer um remédio? Quer ir ao médico?

- Não, obrigada! Isso deve ser da bebida, risadas altas e o emocional afetado. – Eu disse. Fazia todo sentido e eu só me lembrei  agora.

- Quer que eu fique aqui com você? – Pergunta ele agora me olhando.

- Não, vai lá aproveitar o jogo e vê se não dorme! – Sorri.

- Se precisar, é só chamar! – Bruno depositou um beijo na minha bochecha e saiu.

  No momento que a porta foi fechada um nó tomou conta da minha garganta. Porque ele tem que fazer isso? Tá, ele não tem culpa das decisões que eu tomo, mas toda vez que ele age carinhosamente eu sinto totalmente errada, na verdade eu estou, mas também acredito ser o melhor... AH! Eu vou enlouquecer.

- Pai, queria o senhor aqui comigo! – Eu disse baixinho como se ele estivesse próximo de mais para eu falar alto. Coloquei o braço nos olhos e engoli as lágrimas.

  Estou errada e perdida. Talvez pareça que eu estou me fazendo de coitadinha, e antes fosse, mas eu realmente estou perdida. A pessoa que eu mais amava foi e eu não aprendi o suficiente para andar com as minhas próprias pernas. Sinto-me uma criancinha com medo de levantar e acender a luz do quarto por causa dos alienígenas. É mais complicado do que parece.

  Nada é mais como antes. Aquela casa parece maior, mais sombria e nostálgica do que qualquer outro lugar. O brilho que você nas coisas quando está feliz não é tão forte quanto agora, é como se estivesse tudo fosco e sem graça. Eu não quero mais viver dentro daquela casa e passar todos os dias pela porta do seu quarto sem poder lhe dar um bom dia. E é por isso que tomei tal decisão, outro rumo. A minha Los Angeles não será mais a mesma. 

  Me manter fechada é mais prático e eu tenho medo de talvez nunca mais me recuperar.

  Acabei pegando no sono em meio aos pensamentos que mais me assustam. Acordei com vozes no quarto.

- Cala a boca, vai acordá-la. – Parecia o Bruno.

- A Culpa não é minha se você me deu um banho de licor de pimenta. – Ryan respondeu e os dois riram baixinho. Acho que estavam escolhendo uma roupa no closet.

- Pronto, some! Vou chamá-la para comer. – Bruno disse.

- Awn, você fica lindinho assim todo preocupado! – Ryan debochou.

- Vai tomar no cu Ryan e já aproveita para sair daqui!

- Que bicha estressada! – Ryan retrucou e eu acabei rindo um pouco, mas não o suficiente para ser notada.
  Tirei o braço do rosto e virei para de lado.

- Não quis te acordar! – Ele diz.

- Já estava na hora mesmo! – Levantei. Me espreguicei e fui ao banheiro.

  Passei uma água fria no rosto e penteei os cabelos, dei uma desamassada na roupa e voltei para o quarto.

- Está melhor? Quer conversar? – Ele pergunta.

- Vou ficar! Amanhã. – Eu falei. Talvez assim eu consiga tomara coragem de conversar com ele.

  Descemos para a sala e alguns dos meninos já estavam se despedindo. Já era hoje de jantar, fiz tantas coisas que nem vi o tampo passar, principalmente o cochilo. Resolvemos pedir lanches para todos, logo em seguida as meninas iriam para a casa da Jaime com o Eric. Elas ficariam lá até o ano novo e depois iriam todos a Las Vegas para assistir o show de réveillon da banda.

- Você vai né loirinha? – Ryan pergunta. Esse apelido pegou graças ao Phil.

- Vamos ver! – Sorri.

  Nossos lanches chegaram, eu e a Tory arrumamos a mesa e logo todos se puseram a ela. A fome era tanta que quase nem conversaram. Pres me ajudou a arrumar a cozinha, que era coisa rápida e o resto das meninas foram organizar suas coisas para ir embora.

  Despedimos-nos e restou apenas eu e o Bruno na casa, todos já tinham ido, foi até engraçado eles se apertados nos carros para não ter que ligar para um táxi, enfim, é hora de dormir.

- Bruno, vou me deitar no quarto de hóspedes. – Não era preciso dormirmos juntos novamente com todos esses quartos sobrando.

- Não! Quero que durma comigo de novo. – Ele disse do sofá enquanto eu estava escorada na escada.

- Tem quartos sobrando, vai aproveitar a sua cama!

- Mas... Tá, ok. – Finalmente ele concorda meio contrariado, mas concorda.

- Amanhã conversamos. Boa noite! – Lhe atirei um beijo com as mãos e subi.  

  Peguei minhas coisas em seu quarto e levei para o do lado. Passei uma água quente no corpo, escovei os dentes, vesti o pijama e me deitei.  Ótimo proveito do ar quente ligado. Ferrei no sono em questão de segundos.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Capítulo 39


 Ele esticou sua mão direita e esboçou um sorriso simples, aceitei sua mão e sorri também. Bruno nos guiou silenciosamente até o segundo piso, mais precisamente ao seu quarto. Entramos e ele trancou a porta.

- Bruno? O que vai fazer? – Cortei o silêncio, sou uma pessoa curiosa. E também, pensei que ele estivesse revoltado comigo.

- Shiu! Olha me desculpa por mais cedo, eu fiquei nervoso por ver você se martirizando daquela maneira. Ta? Desculpa! – Sentou-se ao meu lado na beirada da cama.

- Tudo bem, eu entendo! – Sorri e ele concordou com a cabeça.

- Então... Eu passei os últimos dias preparando o seu presente, com muita dificuldade eu invadi seu computador, mas foi por uma boa causa. – Bruno falou nervosamente e eu arregalei os olhos.  Ele levantou e foi ao seu coset, voltou com uma caixinha toda azul com um top de seda azul mais escuro e me entregou.

  Abri a caixinha meio desconfiada, retirei o papel crepom e desembalei o que parecia um álbum de fotos. Na verdade era. Meus olhos se encheram de lágrimas assim que vi. A primeira foto era uma minha quando criança, ah Deus, como ele fez isso? Havia só fotos minhas, algumas com o meu pai, algumas na adolescência, outras já adulta com a Tory e o Fred e duas com o próprio Bruno, a qual eu mal me lembrava de ter tirado. Passei os olhos rapidamente pelas fotos e percebi que cada uma havia um recadinho, mas li apenas o da nossa foto. 
Ele dizia:

“Perguntei-me por diversas formas o que era uma amizade e a única explicação exata que e encontrei foi que amizades são um dos sentimentos mais puros, eles jamais são traídos ou quebrados, é um sentimento sobre uma pessoa que você não consegue explicar, mas consegue se por no lugar dela em qualquer momento se for para ajudá-la. Então descobri que isso é tudo que eu venho fazendo, nossa amizade formou-se de uma forma diferente, ela firmou-se pela dor e sempre será assim, então se entregue e confie em mim, não nos decepcionaremos juntos. Se você sorrir, eu sorrirei.”

  Fugiram algumas lágrimas e eu as sequei rapidamente. Meu sentimental já estava todo revirando e o Bruno vai lá e faz isso. Foi um presente tão simples, mas que me deixou completamente sem fala. Só o que eu conseguia era ficar olhando para aquelas fotos com um leve sorriso no rosto . Respirei fundo e finalmente o olhei, ele estava curioso.

- Muito obrigada! Eu estou sem palavras! – Disse.

- Ufa, por um momento pensei que não tivesse gostado! – Ele fez uma carinha fofa. E eu neguei com a cabeça.

  Puxei o ar para lhe agradecer de novo e ele fez o gesto de silêncio, levantou-se da cama e me puxou para levantar também. Sorri brincalhona e saímos do quarto. Descemos as escadas e estavam todos espalhados pela sala abrindo seus presentes.

- Os pombinhos voltaram! – Disse Tahiti com um sorriso travesso nos lábios e uma embalagem rosa nos braços

- Já mandei você à merda? – Bruno disse com falta de educação e Pete o mandou calar a boca fazendo as crianças rirem deles.

- Vem comigo Liv, esse mal educado não merece minhas palavras! – Tahiti respondeu com o nariz empinado e o Bruno gargalhou. Fomos para perto das crianças.

  Eu lhes entreguei os meus presentes. Eu já tinha aberto os meus. Um relógio de ouro da Cindia e do Eric, uma corrente solitária das meninas e uma blusa de verão das crianças, eles mesmos que escolheram. Nem preciso dizer que adorei adorei né. Por último faltava eu entregar o do Bruno.

-  Ual! Como sabe que eu...  Ah! – Ele olhou para a pilha de filmes ao lado da tevê. – Muito obrigada! Assistiremos juntos! – Ele disse me dando um abraço e um beijo na testa.

- Talvez! – Eu disse.

  Havia lhe dado às duas temporadas que faltavam para completar a coleção da sua série favorita, Game of Thrones, sessenta episódios ao total.

  Depois de toda função, as crianças foram dormir e os adultos se reuniram na sala para conversar e beber vinho, até o Bruno dar a ideia de uma brincadeira e prontamente ser aceita por  todos. Ela se chama “eu nunca”. Pelo que entendi alguém fala algo que nunca tenha feito e que quem já vez bebe uma quantidade de whisky.

- Eu começo, a casa é minha, whisky é meu e a ideia também! – Ele disse colocando o copinho e a garrafa no centro da mesa.

- Anda logo Bruno! – Eric deu um tapa na cabeça dele.

- Eu nunca realizei nenhum fetiche sexual! – Ele disse e todos se entreolharam. – Qual é, vai dizer que vocês não tem um desejo diferente não realizado? – Ele disse segurando o riso.

- Eric! – Cindia entregou o copinho para o Eric. Ele bebeu e em seguida era fez de seu pai.

- Tá! Eu nunca... gravei profissionalmente! – Disse Pete entre risos, ele sabia que o Bruno beberia.

- Ah, é assim? Sacanagem! – Ele disse e bebeu tudo numa golada só.

  Era a vez da Tiara, ela olhava nos olhos de cada um como se fosse aprontar algo e fazer todos beber.

- Eu nunca beijei meu melhor amigo! – Disse ela.

- Claro, ele é gay! – Presley disse fazendo todos rir. – Bruno! Vai fundo, tem bastante bebida! – Continuou.

- Eu não bebo sozinho! – Ele retrucou e me entregou um copinho.

  Senti meu rosto inteiro arder. Todos fizeram um coral de “hum”. Além de eu e o Bruno, Presley também bebeu. A brincadeira continuou, já estávamos quase no final do whisky e eu nem me lembro mais quantas vezes fiquei vermelha. Era a última rodada e eu finalizaria com a última “eu nunca”.

- Eu nunca... Eu nunca fiz homenagens emocionantes! – Falei e o Bruno me olhou de canto de olho e sorriu. Ele seria o último a beber.

- Foi um bom jogo e eu preciso dormir! – Eric disse enroladamente e Cindia se colocou de pé ao seu lado. Despedimos-nos e eles foram para os quartos de hóspedes.    

  Às meninas e Pete se despediram e subiram tabém, restando apenas eu e ele ali. Recolhi as coisas da mesa e coloquei na pia, amanhã lavarei tudo já que ficarei porque por não estar em condições de ir embora. 

- Acho que vou me acostumar a dormir perto de você! – Bruno disse.

- Não deve! – Eu disse.

  Ficamos em silêncio e fomos para o quarto dele. Eu tomei um banho rápido e deitei encolhidamente em meio às cobertas quentinhas e aconchegantes dele. Não demorou muito  eu peguei no sono.

  Bruno POV’S

  Depois que a Liv saiu do banho eu entrei. Não tive vontade de sair daquela água quentinha, mas logo desliguei o chuveiro. Coloquei uma calça de moletom e uma blusa de manga comprida e voltei para o quarto. Que bela visão, pensei.

  Lívia estava toda encolhida na beirada da cama de frente para a janela. Não sei se de frio ou de aconchego, apenas achei bonitinha. Deitei-me ao seu lado e me encolhi junto dela, unindo nossos corpos.

  Lívia POV’S

  Acordei ouvindo as risadas das crianças no corredor. Espreguicei-me e levantei. Olhei no relógio e era uma hora da tarde, motivo para eu estar sozinha na cama. Separei minha roupa e tomei um banho, lavei meus cabelos e saí em seguida. Um choque térmico envolveu todo meu corpo quando entrei em contato com o fresco do quarto. Vesti as roupas rapidamente, penteei meus cabelos e saí. Dei de cara com o Liam.

- Bom dia Titia! – Ele disse e saiu correndo, sem dar tempo de eu ao menos responder. Sorri e desci.

  Estavam todos na cozinha, inclusive o Ryan, Phil e família, mais a banda e Jaime com marido e filhos. Dei boa tarde no geral e encostei-me à batente da porta. Era muita gente numa cozinha e parecia que eles recém tinham chego.

-Dormiu bem? Com fome? – Bruno chegou na minha frente e perguntou.

- Muito e muita! – Sorri.

- Preparo uma torrada para você, tá?

- Obrigada! – Eu disse e saí.

- Loirinha! – Phil me chamou. Sorri e nos abraçamos.

- Tudo bem? E essa menina linda? – Perguntei passando a mão nos cabelos enroladinhos dela.

- Tudo ótimo! Essa é a Zaima! Dá oi para a Titia filha. – Ele disse e ela apena acenou e colocou a cabeça no pescoço dele. – Não liga, já já ela se solta! – Sorriu.

  Ele a mandou ir atrás da mãe e assim foi feito. Sentamo-nos no sofá pertinho de onde as crianças brincavam com o G.

- Está melhor? – Ele perguntou.

- Com um pouco de dificuldade, sim, estou! – Olhei para área tapada de neve a nossa frente. Eu não queria falar disso.

- Sei como é, mas isso vai passar. Nada acontece em vão na vida! – Diz ele e eu sorrio.

- Sábias palavras! – Concordei e o Bruno apareceu com uma torrada e um copo de suco.

- Uva, gosta? – Ele perguntou me entregando as coisas.

- Sim, obrigada! – Sorri e ele sentou-se do nosso lado.

- Porque não fala com a Tory para ela vir para cá?

- Hum, boa ideia! – Falo após engolir um pedaço da torrada.

  Phil e Bruno engataram numa conversa e eu no meu café. Enquanto comia peguei o celular no bolso do casaco e digitei uma mensagem para ela que prontamente respondeu pedido o endereço, lhe passei e ela avisou que logo chegaria e agradeceu-me por tirá-la do tédio. Antes que eu guardasse o celular de volta ele apitou mensagem e dessa vez era da Marie, minha prima. Eu já tinha decido a sua resposta, mas não sei se estou totalmente preparada para isso. Respondi-a e guardei o celular. Terminei de comer e fui organzar as coisas na cozinha antes de sair olhei para o lado vi Bruno com os olhos brilhantes e isso definitivamente me cortou o coração.


  Depois de terminar de limpar as coisas resolvi dar atenção as crianças, pelo menos assim eu esquecia sobre a mensagem da Marie. Sentei-me no tapete e eles se animaram ainda mais, riam toda hora e isso acendia uma pontinha de luz dentro de mim, talvez um dia eu brinque assim com os meus filhos... TÁ! Esquece isso Lívia, foco aqui. Pensei comigo mesma. 

- Tia, vamos brincar na neve? – Jaimo pediu e os outros concordaram.

- Aposto que sou mais rápida do que vocês! – Falei e corri para fora da casa.

  G fez a maior festa, ele corria mais do que todos nós, latia e mexia seu cotoco de rabo freneticamente. 
Ensinei as crianças a fazer anjo na neve e por último fizemos uma guerrinha, Ryan entrou na brincadeira também e me sujou toda, apenas ri assim como as crianças. Vi que o Bruno ria e nos olhava brincar.



 Era incrível tamanha energia daqueles meninos. Zyah mesmo sendo o mais novinho ria, caia e corria atrás dos outros com um pouquinho de neve nas mãos.

- O que vocês estão fazendo aí? – Tahiti pergunta com a mão na cintura.

- GUERRA! – Nyjah e Zyah gritaram e correram até ela cheios de neve nas mãos.

- Não! Nyjah e Zyah, não! – Ela tentou os impedir de jogar gelo. Tarde de mais.


  Tahiti correu atrás deles até conseguir os pegar e enchê-los de cócegas. O resto das crianças faziam um boneco de neve chapado, porque ele tinha os olho de uma frutinha vermelha... Saímos do frio, trocamos nossas roupas e só então percebi que a Tory já estava ali. Aproximei-me dela e abracei-a pelas costas, ela se virou e apertou mais ainda nosso abraço. 

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Capítulo 38

Continue escutando a música do capítulo anterior: Thriving Ivory - Flowers for a ghost

  É realmente difícil e angustiante imaginar que eu nunca mais irei vê-lo, poxa, porque o meu pai? Por quê? Ele foi a melhor pessoa que eu já conheci no mundo, era saudável, trabalhador carinhoso, tinha amor ao próximo e outras milhares de qualidades, mas essas não bastaram para mantê-lo aqui comigo e agora eu estou perdida, não sei por onde recomeçar minha vida. Tudo bem, eu tenho um anjo chamado Bruno e uma anja chamada Tory, mas eu preciso do amor paterno para viver, o colo aconchegante dele para escapar durante a noite, porque os meus anjos tem uma vida e não podem deixar de vivê-las para cuidar exclusivamente de mim, ah... Pai, eu amo você!

  Eu queria acordar e saber que é tudo um sonho, que eu serei acolhida em seus braços, minhas lágrimas serão secadas com suas delicadas mãos e minha mente será liberta de toda essa dor por suas palavras sábias, só que tudo que eu tenho agora é a mim mesma. Não sei se suporto viver com mais essa dor pelo resto da minha vida!

  Senti as mãos do Bruno no meu ombro, ele sabia que eu já estava chorando de novo, essa era a minha mais nova rotina. Passei os olhos no relógio e vi que marcavam seis para às sete da manhã e eu não havia dormido, assim como todos os últimos doloridos dias.

- Ei... – Acariciou meu rosto.

- Desculpa Bru, você não precisa fazer isso, não é sua obr...

- Shiiu! Não fala besteira, já falei mil vezes que eu nunca lhe deixaria, ainda mais nesses momentos! – Ele disse convicto como sempre. Sorri em meios às lágrimas e entrelacei nossas mãos. – Vamos tomar café? 
Você está com uma carinha de fraca...

- Vamos sim! – Levantamos.

  Passei pelo banheiro e me assustei com a imagem que vi, como é que o Bruno consegue passar os dias com alguém que dorme, come e chora? Estou um monstro, mas isso definitivamente não me preocupa. Saímos do quarto e descemos. Não haviam muitas coisas para o café, então comemos cereal com leite.

- Sabe... Eu tava pensando... Você vai passar o Natal comigo, né? – Ele perguntou.

- Bru, Natal é coisa família, e além de ter várias pessoas na sua casa eu ainda não me sinto preparada para comemorar. – Respondi honestamente.

- Não! Eu não vou deixar você passar o Natal aqui nessa casa sozinha, já chega todos esses dias, além de que as meninas estão animadas em ter você lá em casa, até meu pai comentou que já estava com saudades da loirinha bonita. – Ele riu gostosamente.

- Seu pai é um doce de pessoa! – Disse indo a cozinha largar a louça na pia.

- Lív, olha para mim! – Ele disse e eu me virei. – Promete que não vai mais chorar? Por favor! Não é fácil para mim também, porque eu fico preocupado pelo fato de saber que você está perdida, que terá que recomeçar sua vida, por saber que de certa forma você está sozinha. Eu também tenho medo, tenho medo por você, por sei lá, querer ficar para sempre aqui trancada nessa casa, eu não quero isso, não para você! Eu estou preocupado, de verdade e se você continuar assim as coisas irão piorar. Lívia, eu sei que é difícil, mas você precisa ser forte e se esforçar, por isso eu vou estar aqui. Quero que você volte logo a ser aquela mulher que sorri de coisas bobas, que zoa da minha cara, que me xinga, que ensina, que cuida, eu quero que você seja como antes, a pessoa que cativa os outros, que só tem a orgulhar quem está perto! Eu acredito em você, em tudo que você já passou e por um sorriso do seu pai, eu quero que você fique bem, porque eu tenho certeza que é só isso que ele quer agora! Você não era apenas a joia rara do Fred, mas minha e do seu pai também! Por favor... – Eu podia ver seus olhos levemente marejados. Via-se a verdade, o medo e a preocupação também.

  Às palavras sumiram da minha boca, mas eu sabia que ele tinha razão em tudo, então apenas o puxei para um abraço, encaixei minha cabeça na curva do seu pescoço e ele transpassou as mãos em minha cintura.

- Eu tenho muito que te agradecer, eu não sei o que seria de mim agora longe de você, eu nunca imaginei que poderia ser assim, eu... Eu amo você Bruno! Amo a forma que você se preocupa, cuida de mim, amo a sua amizade! Muito obrigada! – Disse baixo e lentamente, eu não queria chorar de novo, me esforçarei para isso não acontecer mais.

- Só quero o seu bem! – Respondeu ele e nos separamos. Ele beijou minha testa e disse que já voltava, precisava escovar os dentes.

  Talvez eu não devesse ter digo que o amava, vai que ele me entenda errado e ache que eu sou bipolar por ter dito para não mantermos toda aquela aproximação e agora de repente digo isso. Ah...   

  Pode desligar a música se quiser.

  [...]

  Já era quase meia-noite, quase Natal! Às risadas e música era ouvido de longe, Bruno divertia os sobrinhos com as musiquinhas e histórias engraçadas.  Afastei-me de suas irmãs e fui até a área. O pátio estava coberto por uma fina camada de neve, isso não me incomodava nenhum pouco, eu só queria ir embora, me sinto deslocada e perdida com todas essas pessoas felizes aqui. Tudo bem, eu tive um dia relativamente bom, o Bruno me arrastou de casa hoje logo depois do café da manhã, fomos ao shopping almoçar e comprar os presentes de Natal e agora eu estou vestindo um presente de suas irmãs na companhia das mesmas e seus respectivos maridos/namorados, filhos, Eric, Cindia e Liam, Pete e Bruno, mas mesmo assim eu ainda queria que ele estivesse aqui.

  O vento gelado soprava forte, meus cabelos balançavam e eu fechava os olhos na tentativa de evitar as lágrimas, eu tinha prometido que não ia chorar, mas o Natal agora é ainda mais triste, cinzento e melancólico para mim.



- Você prometeu que não choraria mais! – Bruno passou suas mãos na minha cintura, não tinha o ouvido vindo.

- Eu sei, desculpa... Mas Natal nunca foi minha data favorita... – Fechei os olhos.

- Minha família sempre foi muito tradicional, e depois que cresci o Natal não passou a ser  tão bom quanto antes, mas eu faço isso pelos meus sobrinhos,quero que eles tenham boas lembranças dos nossos natais. – Ele disse com a cabeça apoiada no meu ombro.

- É bom ter por quem fazer coisas significativas... – Eu não queria ter dito isso, saiu sem eu perceber. Facilita as coisas Lívia, Será melhor para você. Pensei.

- Faça por ele, nada a impede! Sorria e siga sua vida! – Bruno respondeu e me virou para ele. Ficamos nos encarando. – Você merece ser feliz, é por isso que ele batalhou. – Falou rente aos meus lábios.

  Senti um arrepio que vinha pela espinha e ia até o pescoço e depois fazia meu corpo todo se arrepiar. Eu não ia beijá-lo, porém foi tão repentino, prazeroso que a última coisa que eu faria era recuar. Fazia bons meses que não ficávamos tão próximos, mesmo ele estando lá em casa, na mesma cama que eu, nada acontecia. Sabe, foi calmo, tinha saudade, tinha carinho, eu nunca havia sentido isso. Finalizamos com selinhos.

 Eu não sei por que fizemos isso, não poderíamos, eu tinha dito. Deveria ter sido forte.

- Eu sei o que você está pensando e está errada! Para de se martirizar assim Lívia! Sabia que não tem nada de ruim em beijar pessoas que você gosta? E namorar? Fazer amor? Isso não é um problema! – Ele disse tão sério que eu até me assustei.

- Eu sei que não Bruno! Mas isso não é amizade, eu sei que eu gostei, eu sei que aceitei, mas não...

- Sim Lívia, sim! Sem nãos! Por isso que começam histórias de amor! – Parece que perdeu a paciência, mas me desculpe, meus princípios são outros e a carne é fraca. – Vamos entrar, já irá dar meia noite. – Disse rispidamente e me deixou para trás.

  Fiz o mesmo caminho que ele e me sentei ao lado da Tiara que estava com Zyah no colo. Sorri para eles e ele perguntou:

- Titia, você gosta de Natal?

- Hum, até que não é tão ruim! – Eu disse ele concordou.  Tiara mandou ele ir chamar o pessoal para fazer a contagem, ele saiu correndo e gritando pela casa “hora do Feliz Natal pro papai Noel”, rimos e levantamos.

  Bruno ficou do outro lado da sala perto de seu pai e eu fiquei entre Tahiti e Tiara. Fizemos a contagem e nos abraçamos desejamos um ótimo natal e todas aquelas frases repetitivas e clichês, mas eu não seria a ranzinza, então sempre desejava o mesmo. Chegou a hora deu abraçar o pai do Bruno.

- Minha querida, nem sempre a vida nos dá motivos para sorrir, mas sorria igual e mostre que você é feliz mesmo assim, pense que sempre tem alguém com mais sofrimento que você e faça aquilo que muitos não podem fazer!  – Falou antes de me abraçar. Sorri abertamente, eu senti as palavras do meu pai agora, isso me tranquilizou bastante.

- Muito obrigada, que sejamos todos muito felizes! E que motivos de fazer o bem não nos falte! – Respondi ele respondeu “que assim seja”, nos abraçamos e ele foi abraçar os outros.

  Fiquei ali no canto da sala próxima a árvore de Natal, só faltava abraçar ele e depois da nossa breve conversa nem sei se ele ainda me quer aqui dentro. Vi ele passar os olhos por toda a sala até parar fixadamente em mim, não sorriu nem nada, apenas veio na minha direção. Pronto, vai me expulsar. Acabei rindo baixinho com meu pensamento, Bruno não é louco de fazer isso, eu acho. 


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