quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Capítulo 38

Continue escutando a música do capítulo anterior: Thriving Ivory - Flowers for a ghost

  É realmente difícil e angustiante imaginar que eu nunca mais irei vê-lo, poxa, porque o meu pai? Por quê? Ele foi a melhor pessoa que eu já conheci no mundo, era saudável, trabalhador carinhoso, tinha amor ao próximo e outras milhares de qualidades, mas essas não bastaram para mantê-lo aqui comigo e agora eu estou perdida, não sei por onde recomeçar minha vida. Tudo bem, eu tenho um anjo chamado Bruno e uma anja chamada Tory, mas eu preciso do amor paterno para viver, o colo aconchegante dele para escapar durante a noite, porque os meus anjos tem uma vida e não podem deixar de vivê-las para cuidar exclusivamente de mim, ah... Pai, eu amo você!

  Eu queria acordar e saber que é tudo um sonho, que eu serei acolhida em seus braços, minhas lágrimas serão secadas com suas delicadas mãos e minha mente será liberta de toda essa dor por suas palavras sábias, só que tudo que eu tenho agora é a mim mesma. Não sei se suporto viver com mais essa dor pelo resto da minha vida!

  Senti as mãos do Bruno no meu ombro, ele sabia que eu já estava chorando de novo, essa era a minha mais nova rotina. Passei os olhos no relógio e vi que marcavam seis para às sete da manhã e eu não havia dormido, assim como todos os últimos doloridos dias.

- Ei... – Acariciou meu rosto.

- Desculpa Bru, você não precisa fazer isso, não é sua obr...

- Shiiu! Não fala besteira, já falei mil vezes que eu nunca lhe deixaria, ainda mais nesses momentos! – Ele disse convicto como sempre. Sorri em meios às lágrimas e entrelacei nossas mãos. – Vamos tomar café? 
Você está com uma carinha de fraca...

- Vamos sim! – Levantamos.

  Passei pelo banheiro e me assustei com a imagem que vi, como é que o Bruno consegue passar os dias com alguém que dorme, come e chora? Estou um monstro, mas isso definitivamente não me preocupa. Saímos do quarto e descemos. Não haviam muitas coisas para o café, então comemos cereal com leite.

- Sabe... Eu tava pensando... Você vai passar o Natal comigo, né? – Ele perguntou.

- Bru, Natal é coisa família, e além de ter várias pessoas na sua casa eu ainda não me sinto preparada para comemorar. – Respondi honestamente.

- Não! Eu não vou deixar você passar o Natal aqui nessa casa sozinha, já chega todos esses dias, além de que as meninas estão animadas em ter você lá em casa, até meu pai comentou que já estava com saudades da loirinha bonita. – Ele riu gostosamente.

- Seu pai é um doce de pessoa! – Disse indo a cozinha largar a louça na pia.

- Lív, olha para mim! – Ele disse e eu me virei. – Promete que não vai mais chorar? Por favor! Não é fácil para mim também, porque eu fico preocupado pelo fato de saber que você está perdida, que terá que recomeçar sua vida, por saber que de certa forma você está sozinha. Eu também tenho medo, tenho medo por você, por sei lá, querer ficar para sempre aqui trancada nessa casa, eu não quero isso, não para você! Eu estou preocupado, de verdade e se você continuar assim as coisas irão piorar. Lívia, eu sei que é difícil, mas você precisa ser forte e se esforçar, por isso eu vou estar aqui. Quero que você volte logo a ser aquela mulher que sorri de coisas bobas, que zoa da minha cara, que me xinga, que ensina, que cuida, eu quero que você seja como antes, a pessoa que cativa os outros, que só tem a orgulhar quem está perto! Eu acredito em você, em tudo que você já passou e por um sorriso do seu pai, eu quero que você fique bem, porque eu tenho certeza que é só isso que ele quer agora! Você não era apenas a joia rara do Fred, mas minha e do seu pai também! Por favor... – Eu podia ver seus olhos levemente marejados. Via-se a verdade, o medo e a preocupação também.

  Às palavras sumiram da minha boca, mas eu sabia que ele tinha razão em tudo, então apenas o puxei para um abraço, encaixei minha cabeça na curva do seu pescoço e ele transpassou as mãos em minha cintura.

- Eu tenho muito que te agradecer, eu não sei o que seria de mim agora longe de você, eu nunca imaginei que poderia ser assim, eu... Eu amo você Bruno! Amo a forma que você se preocupa, cuida de mim, amo a sua amizade! Muito obrigada! – Disse baixo e lentamente, eu não queria chorar de novo, me esforçarei para isso não acontecer mais.

- Só quero o seu bem! – Respondeu ele e nos separamos. Ele beijou minha testa e disse que já voltava, precisava escovar os dentes.

  Talvez eu não devesse ter digo que o amava, vai que ele me entenda errado e ache que eu sou bipolar por ter dito para não mantermos toda aquela aproximação e agora de repente digo isso. Ah...   

  Pode desligar a música se quiser.

  [...]

  Já era quase meia-noite, quase Natal! Às risadas e música era ouvido de longe, Bruno divertia os sobrinhos com as musiquinhas e histórias engraçadas.  Afastei-me de suas irmãs e fui até a área. O pátio estava coberto por uma fina camada de neve, isso não me incomodava nenhum pouco, eu só queria ir embora, me sinto deslocada e perdida com todas essas pessoas felizes aqui. Tudo bem, eu tive um dia relativamente bom, o Bruno me arrastou de casa hoje logo depois do café da manhã, fomos ao shopping almoçar e comprar os presentes de Natal e agora eu estou vestindo um presente de suas irmãs na companhia das mesmas e seus respectivos maridos/namorados, filhos, Eric, Cindia e Liam, Pete e Bruno, mas mesmo assim eu ainda queria que ele estivesse aqui.

  O vento gelado soprava forte, meus cabelos balançavam e eu fechava os olhos na tentativa de evitar as lágrimas, eu tinha prometido que não ia chorar, mas o Natal agora é ainda mais triste, cinzento e melancólico para mim.



- Você prometeu que não choraria mais! – Bruno passou suas mãos na minha cintura, não tinha o ouvido vindo.

- Eu sei, desculpa... Mas Natal nunca foi minha data favorita... – Fechei os olhos.

- Minha família sempre foi muito tradicional, e depois que cresci o Natal não passou a ser  tão bom quanto antes, mas eu faço isso pelos meus sobrinhos,quero que eles tenham boas lembranças dos nossos natais. – Ele disse com a cabeça apoiada no meu ombro.

- É bom ter por quem fazer coisas significativas... – Eu não queria ter dito isso, saiu sem eu perceber. Facilita as coisas Lívia, Será melhor para você. Pensei.

- Faça por ele, nada a impede! Sorria e siga sua vida! – Bruno respondeu e me virou para ele. Ficamos nos encarando. – Você merece ser feliz, é por isso que ele batalhou. – Falou rente aos meus lábios.

  Senti um arrepio que vinha pela espinha e ia até o pescoço e depois fazia meu corpo todo se arrepiar. Eu não ia beijá-lo, porém foi tão repentino, prazeroso que a última coisa que eu faria era recuar. Fazia bons meses que não ficávamos tão próximos, mesmo ele estando lá em casa, na mesma cama que eu, nada acontecia. Sabe, foi calmo, tinha saudade, tinha carinho, eu nunca havia sentido isso. Finalizamos com selinhos.

 Eu não sei por que fizemos isso, não poderíamos, eu tinha dito. Deveria ter sido forte.

- Eu sei o que você está pensando e está errada! Para de se martirizar assim Lívia! Sabia que não tem nada de ruim em beijar pessoas que você gosta? E namorar? Fazer amor? Isso não é um problema! – Ele disse tão sério que eu até me assustei.

- Eu sei que não Bruno! Mas isso não é amizade, eu sei que eu gostei, eu sei que aceitei, mas não...

- Sim Lívia, sim! Sem nãos! Por isso que começam histórias de amor! – Parece que perdeu a paciência, mas me desculpe, meus princípios são outros e a carne é fraca. – Vamos entrar, já irá dar meia noite. – Disse rispidamente e me deixou para trás.

  Fiz o mesmo caminho que ele e me sentei ao lado da Tiara que estava com Zyah no colo. Sorri para eles e ele perguntou:

- Titia, você gosta de Natal?

- Hum, até que não é tão ruim! – Eu disse ele concordou.  Tiara mandou ele ir chamar o pessoal para fazer a contagem, ele saiu correndo e gritando pela casa “hora do Feliz Natal pro papai Noel”, rimos e levantamos.

  Bruno ficou do outro lado da sala perto de seu pai e eu fiquei entre Tahiti e Tiara. Fizemos a contagem e nos abraçamos desejamos um ótimo natal e todas aquelas frases repetitivas e clichês, mas eu não seria a ranzinza, então sempre desejava o mesmo. Chegou a hora deu abraçar o pai do Bruno.

- Minha querida, nem sempre a vida nos dá motivos para sorrir, mas sorria igual e mostre que você é feliz mesmo assim, pense que sempre tem alguém com mais sofrimento que você e faça aquilo que muitos não podem fazer!  – Falou antes de me abraçar. Sorri abertamente, eu senti as palavras do meu pai agora, isso me tranquilizou bastante.

- Muito obrigada, que sejamos todos muito felizes! E que motivos de fazer o bem não nos falte! – Respondi ele respondeu “que assim seja”, nos abraçamos e ele foi abraçar os outros.

  Fiquei ali no canto da sala próxima a árvore de Natal, só faltava abraçar ele e depois da nossa breve conversa nem sei se ele ainda me quer aqui dentro. Vi ele passar os olhos por toda a sala até parar fixadamente em mim, não sorriu nem nada, apenas veio na minha direção. Pronto, vai me expulsar. Acabei rindo baixinho com meu pensamento, Bruno não é louco de fazer isso, eu acho. 


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6 comentários:

  1. Pois é, eu te mostro o meu e tu não me mostra o teu aí tive que ler quando tu postou, sacanagem dona Julha! u.u Tô braba com isso. Mas enfim, vamos ao ponto, estou torcendo que ela recupere-se desse choque que foi a morte do pai dela, e que o Bruno não faça nenhuma burrada, porque ele ainda tem uma grande família, e ela está praticamente sozinha no mundo, ele precisa tomar cautela e entender o lado dela e protege-la <3 Acho digno ter um hot ou mais um beijo daqueles :p Deixa de ser preguiçosa e não demora pra escrever e postar u.u Te amo e amo a fic <3

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  2. Rolou beijoo, aaa. Isso é tão raro aqui que quando acontece fico feliz HU3
    Bem, eu espero de coração que ela supere isso tudo e tal e que esses dois fiquem juntos de uma vez!!!

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  3. Assim, você pode até reclamar que não tem muitos comentários, e eu acho justo você cobrar, mas saiba, que os poucos são os que mais significam, eu AMO a sua fic, e fico louca querendo ler mais um capitulo, e quando você atualiza ela, imagina uma guria louca pulando pela casa, sim, essa sou eu. Bom, só queria falar que estou ansiosa para o próximo, e que eu sei que comentários são super importantes para o desenvolvimento de uma fanfic, mas saiba que o meu comentário estará sempre garantido. (:

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    1. Muito obrigada, a fic para você também estará garantida! <33

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  4. Ju cadê vc ? Quero maaais !

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    1. Eu postei, lê lá e não esquece do meu comentário! <33

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