Capítulo 5

• Apenas 4 comentários no capítulo anterior, por isso minha demora. Capítulos todos os dias só dependem de vocês, minha motivação!
• Boa leitura, não esquece de comentar. 

- All I knew this morning when I woke. Is I know something now… - Taylor Swift ecoava no quarto, peguei o celular era Tory, atendi sonolenta.

- Oi...

- Não acredito que tá dormindo ainda. – Ela disse indignada.

- É, eu estava, não estou mais! – Fingi irritação.

- Desculpa! Mas vou ir aí à sua casa, vamos assistir filme! Só nós! E conversar porque sei que precisamos!
– Ela disse decidida e eu ri.

- Oba! É precisamos mesmo! Que filme vai trazer? – Falei mais animada.

- O menino de ouro. Parece lindo! Bom, vou desligar, já chego aí! Faz a pipoca, no esquema! – Ele disse desligando logo em seguida, na minha cara!

  É uma idiota mesmo! Levantei da cama, já eram uma e pouco da tarde, fiz minha higiene matinal, vesti uma legging preta e um moletom simples, fiz um coque nos cabelos e desci.

- Boa tarde! – Cumprimentei meu pai.

- Pensei que tivesse hibernando! – Ele debochou.

- Engraçadinho! A Tory me acordou! Tá vindo para cá ver filme! – Falei pouco animada.

- Legal... E você? Como tá em relação ao Bruno? – Ele perguntou.

- Não é fácil... Estou triste, querendo ajuda-lo, mas sei que fiz o possível enquanto pude! – Falei e senti um nó na garganta.

- Isso mesmo filha! Bom anjo, vou trabalhar. Bom filme! – Ele disse e subiu.

  Preparei a pipoca no esquema, que é doce de leite condensado e salgado tradicional, mais dois copos de refrigerante. Levei a bandeja para o quarto, deixei sobre minha mesinha e fiquei assistindo tv até que ela chegasse. Nem tinha reparado no meu celular quando ela me ligou, mas tinham dois sms, ambos do Bruno.

“Bom dia, Ivi. Cheguei...”

“Quero voltar para casa, para seu abraço que me faz sentir forte. Acho que não irei prolongar muito tempo aqui, é muito doloroso. Desculpa se atrapalhei algo.”

  Tadinho dele... Essas palavras me fazem mal... Respondi-o.

“Oh Bruno... Se já forte, só mais um pouco! Quando você voltar eu te ajudo, mas aguenta por enquanto! E sabe que você não me atrapalha. Boa tarde, beijos! “

  Enviei e larguei o celular sem esperar sua resposta e logo a campainha tocou, desci correndo para abrir a porta, certamente era Tory. Não disse?

- Oi. – Falei após ela ter entrado.

- Ai que carinha de triste e desanimação! Vamos dar um jeito nisso. – Ela falou batendo as mãos.

  Subimos, me atirei na cama e ela ao meu lado...

- Como ele tá? Fiquei sabendo da mãe... – Tocou no assunto.

- Mal, arrasado... – Respondi e ela pegou meu celular.

  Pegou-o, desbloqueou o mesmo e foi fuçar nas mensagens, ou melhor, na minha conversa com o Bruno.

- Gosta dele né? – Perguntou do nada.

- Como amigo! – Respondi.

- Ainda acho que vocês ficarão juntos! Combinam-se, são carinhosos... Porque não? Já pensou em dar uma chance a vocês? – Ela sorriu.

- Essa pergunta não me admira mais! E que chances? Somos apenas amigos, e outra que isso não é o momento certo.

- Ué, quem mais perguntou? Eu sei que não é a hora, mas sei lá... Vai que seja o que ele precisa. – Respondeu.

- Ele não precisa de mim. – Falei.

- Então porque dessas mensagens pedindo seu abraço? – Arqueou a sobrancelha.

- Ai, larga de ser chata. Somos apenas amigos! – Disse levantando e pegando a pipoca e o refri.

- Tá bom... Mas é verdade! - Ela disse rindo e levantou-se para ligar o dvd.

  O filme conta a história dum casal que decide adotar uma criança após a morte do seu filho e várias tentativas de engravidar de novo que não deram certo. Durante o trabalho de se adaptar a nova vida, um garotinho aparece inesperadamente na porta do casal... ( Assistam, vale a pena, recomendo. )

- Não acreditei muito na indicação do cara da locadora, mas ele acertou de novo! – Disse Tory.

- Ainda tenho arrepios! – Respondi.

- Bom, a tarde tá ótima, vim só para te animar, mas agora tenho que ir! – Tory levantou-se da cama.

- Que amor! Obrigada, estava precisando disso. – Sorri agradecida.

- E ah, liga pro Fred, ele queria saber o porquê do fora para o almoço com ele ontem. – Avisou.

- Putz... Depois eu ligo! – Respondi.

  Descemos nos despedimos e ela se foi, larguei a sujeira na pia e voltei para o quarto, peguei meu celular e disquei o número do Fred, qual eu já decorei. Trocamos uma breve conversa, apenas desculpei-me por ontem e ele aceitou, pois sabia dos meus motivos. Aproveitei para dar uma ligadinha para o Bruno.

-Alô. – Ele disse com voz abafada.

- Te acordei Bru? – Perguntei.

- Não... Eu estava pensando em você! – Ele disse e notei sua voz de choro.

- Você está chorando? – Perguntei.

- Não dá para abafar a voz com você, né... – Ele disse e eu soltei um risinho.

- Não. O que aconteceu? – Perguntei já sabendo sua resposta.

- Teve o enterro durante a tarde, e o cerimonial. Eu não aguento mais! – Ele disse.

- Bru, porque não vai dá uma volta pelas praias? Toma um ar. – Tentei animá-lo.

- Eu não quero ir sozinho ou com alguém que não vá me intender e dizer as coisas certas como você! – Falou suspirando.

- Vou ignorar isso, gnomo de jardim! – Falei e ele ri.

- Era sua intensão me fazer rir, não é?

- Claro, e consegui porque eu sou diva! Invejem-me! – Falei e ele riu de novo.

- Não, você é louca, doida, maluquinha! – Ele disse.

- Sim, eu sou! Mas te digo um segredo, as melhores pessoas são assim. – Eu disse e ele riu.

- Por isso gosto do você! E essa frase é antiga, filme da Alice no País das Maravilhas. – Falou.

- Exatamente!

- Volto amanhã... – Ele disse.

- Acho que estarei trabalhando, mas se quiser passo na sua casa para te ver. – Falei.

- Tudo bem... Esperarei-te. – Respondeu.

- Agora descansa, ou vai dar uma volta. E ah, se alimenta rapaz, não quero ninguém doente de novo. – Falei e ele riu mais uma vez.

- Sim, sim e sim! Bom final de tarde, obrigada por ligar! – Falou.

- Não precisa agradecer gnomo... Beijos. – Falei ele riu e desligamos.

  Fiquei deitada na cama olhando para o teto, pensando no que me falaram esse final de semana, a irmã do Bruno disse que indiretamente que deveríamos ficar junto, e hoje a Tory. Será? Será que sou o que ele precisa de verdade? Acho que não... Adormeci.

- Filha.... – Meu pai falou passando a mão no meu rosto.

- Hm... Oi! – Falei despertando-me.

- Trouxe torradas e um suco para você, come e volta a dormir, já é tarde. –Ele disse e eu sentei-me na cama.

- Obrigada, que hora é? – Perguntei.

- Dez para às onze.

- Nossa, dormi de mais! – Bocejei.

- Eu acho... Bom, vou deitar. Boa noite princesinha, até amanhã! – Beijou minha testa e saiu do quarto.

Comi a deliciosa torrada do meu pai escovei os dentes, arrumei o despertado e dormi.

- You’re a troublemaker. You’re a troublemaker. You ain’t nothing but a troublemaker girl. – Meu celular despertou. Pena que eu não na mesma animação da música. Olly Murs um dos meus cantores preferidos.

  Levantei-me, e como de costume abri a janela, uma brisa gelada percorreu meu corpo e me fez arrepiar. Fui para o banheiro, tomei um banho rápido e saí pensando na roupa que vestiria hoje. Decidi. Blusa cinza, calça jeans mesclada de cinza e branco, e meu sneaker preto. Fiz um rabo de cavalo e passei o rímel, coloquei meus brincos.

  Peguei meu celular e bolsa, desci.

- Bom dia. – Meu pai disse.

- Bom dia! – Respondi.

  Tomamos café sem muita conversa, me despedi dele e avisei-o que voltaria mais tarde, pois passaria na casa do Bruno para vê-lo, ele concordou e eu saí. Dirigi com calma e finalmente cheguei no prédio da Weekly. Desejei bom dia a algumas pessoas da recepção e subi, direto para minha sala.

- Boa dia. – Falei para Tory e Fred que já estavam na sala.

- Bom dia. - Responderam em couro.

  Não sou só eu, mas hoje todos estão desanimados, não sei o motivo certo. Não liguei muito para isso, apenas tentei me concentrar no meu trabalho, tinham algumas coisas novas para postar no site, vídeos que cantores lançaram, alguns artistas que fizeram coisas erradas no final de semana, inclusive sobre o Bruno, mas isso não vai ser eu quem vai postar. 

- Tory, posta a matéria por mim? Não quero ler sobre isso. – Suspirei.

- Claro! – Ela disse atenciosa.

  Não trocamos muitas conversas, ninguém animado suficientemente para querer animar os outros, então todos desfrutam do mesmo clima ruim. A manhã parecia não passar nunca, os minutos pareciam horas, mas finalmente hora do almoço, mas não fui almoçar, estou sem fone, fiquei no escritório sozinha enquanto Tory e Fred foram almoçar...

- Acho que o mal de vocês era fome! – Falei após eles voltarem rindo.

- Não, meu mal era sono, mas comida me alegra, então agora vou animar a bagaça! – Disse Fred levantando as mãos.

- Eu também era sono, fiquei até altas horas assistindo Greys Anatomy, e claro a fome, afinal eu passo o dia e noite comendo! – Disse Tory com certop orgulho.

- Uma gorda feliz! – Falei ela deu dedo e Fred gargalhou.

- Vocês não prestam! – Fred disse.

- Aprendemos com você Fredie! – Tory retruco-o.

- O amor tem que acabar, porque tem trabalho. – Me meti e eles concordaram.

  A tarde passou um pouco mais rápida graças ao boy magia, ele nos fez rir muito. Fiquei pensando no quão difícil deve ser trabalhar com duas mulheres, ora desanimadas ora animadas, admiro como ele nos aguenta na TPM. Guardei essas pensamentos apenas para mim, mas sei que tiraria alguns risos de todos ali.

Organizei minhas coisas e nos preparamos para ir embora quando Gregory entra na sala.

- Olá. É rápido, novidades para vocês! – Ele disse sorrindo olhando para uma folha.

- Amamos novidades! – Disse Fred.

- Eu sei! Então, segundas, terças e quartas vocês não precisam comparecer pelas manhãs, são os dias de menor movimento em relação a notícias, então não temos motivos para ter vocês aqui o dia todo. – Ele fez nossa alegria.

- Isso é ótimo... Mas, nosso salário, será o mesmo, né? – Tory perguntou de cara.

- Claro Vitória, não se preocupem! – Ele disse sorrindo.

- Uffa! Então, até amanhã a tarde! – Disse Fred dando tchauzinho com a mão e saindo da sala, rimos e saímos também.

  Fui para o estacionamento, entrei no carro e segui para casa do Bruno, e por lembrar dele, eu nem vi meu celular hoje, ele deve ter me mandado sms. Aproveitei um semáforo fechado para conferir meu celular.

  “Cheguei em casa, te espero. “

  Isso há quatro horas a trás, nem o respondi já que estou a caminho de sua casa. Liguei a rádio baixinho e começou a tocar Treasure, o que me deixou feliz, mais animada e com certa dúvida. Animação porque irei ver o Bruno ou pela música dele que acabara de tocar? Ah, pela música né, ele tem um ritmo legal...

  Finalmente cheguei à casa dele. Estacionei, peguei minha bolsa e desci. Toquei o interfone.

- Ivi? – Ele perguntou.

- Anda usando bola de cristal? – Perguntei e ele ri.

- Não, é que ouvi o barulho do carro, e pensei em você! – Ele disse.

- Tudo bem, agora abre isso aqui porque só tem eu na rua! – Falei tentando demostrar medo.

- Medrosa.

  Que idiota, fiquei esperando até ele abri o portão, entrei e lá estava ele parado na porta, rosto abatido, cabelos bagunçados e uma velha roupa para ficar em casa. Apressei meus paços e sem dizer nada nos abraçamos fortemente, senti ele cheirar meu pescoço e acabei me arrepiando.

- Precisei tanto do seu abraço... – Ele falou baixo.

- Estou aqui para isso! – Sorri.

  Adentramos a casa, sua bagagem estava no meio da sala, ele não foi capaz de arrumá-la.

- Não arrumou suas coisas ainda? – Perguntei a fim de saber os motivos.

- Eu não, cheguei e fui tomar banho, daí fiquei deitado, pensando. – Ele explicou.

- Quem vê jura que pensa! – Falei e ele gargalhou.

- Penso sim, e, aliás, que apelido você me deu em! – Ele disse.

- Qual? Gnomo de jardim? – Ri.

- Não, gigante da selva... – Ironizou.

- Idiota. Então, vamos começar a se mexer e arrumar suas coisas, ver se anima. – Disse.

- Não tô afim! – Disse se jogando no sofá.

- Acha que manda! – Falei e me atritei ao seu lado.

- Acha que tá em casa. – Retrucou.

- Tá bom, tchau! – Falei levantando-me.

  Dei um passo e ele me puxou, fazendo-me cair sentada sobre si. Rimos e ele começou a me fazer cosquinhas. Acabei deitando no sofá e ele ficou sobre meu corpo, me prendendo.

- Quem disse que ia embora mesmo? – Falou rindo da minha cara.

- Quem? Não ouvi ninguém falar nada aqui... – Fingi e ele parou de arreganho.

  Ficamos nos olhando, ambos sorrindo e por um momento pensei que ele iria me beijar, mas é claro que ele não faria isso, somos só amigos.

- Me faz tão bem ter você aqui. – Ele disse baixo perto do meu rosto.

- Igualmente. – Sorri.

  Não sei o que dizer, mas esse clima tá estranho, ele encima de mim, já imaginou a merda se alguém entra e vê a gente assim? Pois é. Livrei-me dele e nos ajeitamos direto no sofá.

- Bruno... Vamos arrumar suas coisas, sem bagunça! – Falei e levantamos do sofá.

  Ele pegou sua mala e nós subimos. Ele largou ela sobre a cama e abriu-a em seguida.

- Ah, eu trouxe uma coisa para você, pedi para o Ryan comprar. – Ele disse tirando uma embalagem de presente da mala.

  Abri o pacote e vi uma linda flor azul. Imagino que seja algo havaiano. Sorri.

- É uma flor azul para o cabelo, usam muito lá. É o símbolo da poesia romântica e significa confiança, lealdade harmonia e afeição. Além deu saber que é sua cor favorita, é um dos significados que eu mais me chamam atenção em você, me admira. – Ele disse.

- Nossa Bruno, muito obrigada. Fiquei sem palavras! – Falei e meus olhos demostraram toda minha emoção.

  Ele se aproximou de mim, pegou a flor e pôs em meu cabelo, na lateral da cabeça, em seguida segurou minhas mãos e disse:

- Foi a melhor forma que eu pude ver para agradecer tudo que tem feito por mim... – Disse sorrindo.

Não tive palavras então apenas o abracei. Soltamo-nos e eu agradeci novamente.

  Arrumamos as malas dele, quando acabou pedi para usar seu banheiro, pois estava me "segurando"desde a hora do almoço. Ele mostrou-me a porta e eu fui, fiz minhas necessidades e higienizei-me para sair. Saí que Bruno estava parado frente a janela, provavelmente olhando a linda noite que fazia e pensando em tudo que aconteceu. Fui em sua direção, coloquei minhas mãos em seus ombros e fiz uma rápida massagem, ele largou os músculos dos ombros em sinal de rendido, o abracei colocando minhas cabeça no encaixe do seu pescoço e ele falou sem me olhar:

- Me sinto um  covarde...

- Porque? - Perguntei.

- Tenho vontade de tomar atitude, mas o medo me toma e acabo sempre desistindo. Nunca fui assim. - Falou calma, suspirando no final.

  - Faça! - Supliquei.