Capítulo 49

  Bruno POV'S

  Em três dias eu vou para New York, recebi um convite de propaganda de uma famosa loja de instrumentos musicais que eu nunca usei, e para não ser mal educado disse que iria lá conhecer, para aproveitar a folga que demos da turnê e sair um pouco de casa e, conforme for eu gravo a propaganda. 

  Liguei para o Ryan para saber os detalhes do nosso Voo. 

- Hey Bro! - Eu disse.

- E aí, tudo certo para a viagem, nos encontramos na sexta às dezesseis horas. - Responde ele. 

- Okay, obrigado Ryan! - Respondo simplesmente.

- Nada, não apronte, até sexta! - Diz ele debochadamente. 

- Palhaço! Até! - Retruco e desligo o celular.

  Não tinha nada para fazer, então resolvi jogar vídeo game. Fiz pipocas amanteigadas de micro-ondas, pus em um pote, peguei o refrigerante e voltei para a sala.  

  Lívia POV'S

  Nem parece que já fez um ano que saí de Los Angeles, alguns aspectos foram ótimos e outros mais do que terríveis, mas é a vida, cada atitude tem uma reação e com ela uma consequência.

  Hoje acordei decidida, irei voltar para Los Angeles, não para morar e sim organizar a casa que deixei fechada por um ano, já passou da hora, talvez seja bom matar a saudade, mesmo que doa, e por falar em dor lembrei-me de uma fala do Bruno: "Esse não é o fim", hoje essa frase não faz sentido, acabamos nos esquecendo, na verdade eu não o esqueci, aliás é impossível esquecer de um cantor quando se trabalha numa rádio né?!

  [...] Três dias depois.

- Liv, tem certeza que quer ir? E se você ficar triste? - Mel perguntava docemente enquanto eu arrumava a mala.

- É preciso amor, tenho que resolver as coisas da casa, é só duas semanas.

- Já pensou que você pode o encontrar lá? - Ela disse fechando minha neceser de maquiagens.

- Acho difícil, Los Angeles é grande de mais para isso! E ele tem a vida dele, nem deve se lembrar de mim direito. - Sorri fraco.

- Jura que eu acredito! - Resmungou

- Bom, vamos? - Terminei tudo.

- Quero ir junto! - Fez bico.

- Não mesmo, não agora! Vai para casa, ou vou perder o voo! – Me despedi dela.

- Eu te ligo meu amor! – Digo enquanto saímos do prédio.

  Ela me desejou boa viagem e seguiu para casa da Marie e eu peguei o táxi que havia acionado há uns minutos atrás. Finalmente no pequeno Aeroporto de Carolina do Norte, paguei o táxi e fui fazer o check-in, despachei a mala e entrei na sala de embarque. Logo aquela voz enjoativa anunciou meu voo e eu segui até o avião com mais um grupo pequeno de pessoas. Coloquei meu sinto, selecionei a playlist no celular e fiquei apreciando a paisagem ainda do chão, quando levantamos voo, desliguei meu celular conforme as regras.

  Duração de voo daqui a Los Angeles é de duas horas, então foi rápido, ainda mais sem nenhuma conexão.

Desci do avião, peguei minha mala tamanho médio e saí da sala de desembarque passando dentro de outra sala a qual eu não sabia o destino dos passageiros. Caminhei ao lado do janela, fiquei prestando atenção no lado de fora os aviões indo e vindo e o lindo pôr do sol de Los Angeles, é comum, mas senti muita falta. Subiu-me um arrepio pela espinha e as lembranças fizeram-se presente. Isso não é bom. Pensei comigo mesma.

  Desviei meu olhar para o outro lado e meus olhos encontram uma pessoa conhecida, eu não poderia acreditar e ele pareceu sentir o mesmo tanto que deu uma leve coçadinha no olho e depois sorriu, eu não tive reação, fiquei imóvel, Ryan sorriu de novo e cutucou alguém ao seu lado e sim era ele, me virei bruscamente e pus a mão no peito, com toda certeza não estou preparada, eu pensei que estivesse, sei que eu vou chorar, que me fiz de forte, mas  voltar aqui, o ver me fez  lembrar de tudo é ainda mais dolorido, como se aquele misto de sentimentos que tentei deixei para trás viesse a tona com mais força. Senti-me uma criança quando coloca a sujeira para baixo do tapete tentando diminuir o trabalho e depois é descoberta.

  Respirei fundo  algumas vezes e me virei para seguir meu caminho, não era minha intenção falar com ele e continua não sendo. Quando dei meu primeiro passo senti seu toque em meu braço, me virei de vagar, em questão de segundo, eu nem segurava mais minha mala de rodinha, apenas minha bolsa de mão e então ele me abraçou, retribui o mais forte que pude, acabou sendo impossível segurar as lágrimas, parece agora estou muito mais fraca e vulnerável do que quando fui embora e isso me assusta.

  Sentir seu toque, seu cheiro, sua respiração no meu pescoço me fez lembrar dos momentos que fomos melhores amigos e das vezes que pensei que ele nem lembrava de mim, quando eu decidi levar minha vida longe daqui, eu sempre quis a paz e como uma rasteira grande ela me fez reencontra-lo e mostrar que eu sou apenas uma mulher indefesa. Estive errada todo esse tempo.

- Shiiiu, não chora! - Ele passou a mão no meu rosto secando algumas das lágrimas. - Fica aqui, eu já volto. - Ele disse e foi na direção do Ryan que acenou sorrindo, acenei de volta e me virei para janela.

  Não tem volta e eu sei que é tudo culpa minha, não é possível esquecer o passado , mexer em tudo que eu pensei ter esquecido ou apagado  dói, não fui forte o bastante para mexer enquanto nada havia cicatrizado e agora é ainda pior, sabe, como quando você enfia uma feupa no dedo e ela cicatriza que você tenha a tirado, então inflama e voc~e é obrigado a mexer. Eu não tenho mais a certeza, tudo virou de ponta cabeça em questão de horas e os sentimentos se misturam a ponto deu perder todo controle... Como uma bola de neve desenfreiada,

- Pronto! Vem, temos que sair daqui. - Ele disse me puxando pela mão.

  Saímos pela lateral do aeroporto, exatamente onde tem o ponto de táxi, Bruno me mandou entrar enquanto o motorista guardava minha mala no porta-malas. Eu não ia para casa dele, óbvio, eu tinha uma reserva no Hotel perto da revista, que eu pretendia fazer ma surpresa para a Tory, já que nem ela nem ninguém daqui sabia que eu vinha, mas eu não reagi, ele falou e eu apenas fui.

- Pode nos deixar no condomínio da Mulholland Drive, por favor. – Bruno diz depois de se acomodar ao lado do motorista.

  Encostei minha cabeça no vidro e fiquei observando as coisas passar por nós rapidamente formando um imenso borrão. Estou sonhando? Parece, nem em todos os meus pensamentos eu imaginei em reencontrá-lo assim, fui despertada pelo toque do Bruno em minha perna, ele sabe como estou, nossos olhos se encontraram pelo retrovisor do carro, meus olhos estavam cheios de lágrimas e ele ao ver, sorri.

- Pronto senhor. - O motorista anunciou nossa chegada.

-Obrigada. - Bruno respondeu e nós todos descemos.

  Eles retiraram minha mala e em seguida ficamos sozinhos. Entramos no condomínio a nossa esquerda, caminho que  eu passei milhares de vezes para ter um momento especial com ele...

- Bruno... É vou para um hotel, já tenho uma reserva. - Quebrei o gelo e o impedi de puxar minha mala.

- Não, minha casa é melhor! - Sorriu.

- Mas...

- Nós temos muito que conversar. - Sorriu de novo, e essa forma dele agir como se nada tivesse acontecido me deixa mais confusa.

  Mais alguns minutos finalmente chegamos. Ainda está tudo exatamente igual.  Eu não estava creditando em estar pisando dentro dessa casa novamente, eu achei que... que nunca mais iria voltar aqui.

- Você quer alguma coisa? Uma água? Um café? Um suco? – Ele disse indo na direção da cozinha. Eu olhei para o chão e neguei.

- Bruno, por favor, não age como se nada tivesse acontecido! – Eu falei soltando o ar pesadamente.

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