Capítulo 12

  Passamos a tarde junto, filmes, pipocas, doces, risadas e choros. Foi divertido, mas ainda não estou satisfeita. Cadê meu pai que não chega? Cadê o Bruno que não dá sinal de vida? E o Fred? Mas sabe o que eu reparei? A Tory não desgrudou do celular, toda hora uma mensagem...

- Eu notei que a senhorita anda trocando mensagens com alguém e não me conta nada! – Falei emburrada.

- Não é ninguém! Agora vai se arrumar, vamos jantar fora, veste a roupa que eu lhe dei.

- Me fala onde é. – Pedi.

- Claro que não! E anda logo. – Mandou.

  Então tá né! Levantei do sofá preguiçosamente e fui para o quarto, ela permaneceu na sala com o celular, dei ombros. Estiquei a roupa sobre a cama e fui para o banheiro. Não fiz questão de ser rápida, mas também não quis morar no banheiro, saí. Ainda enrolada no banheiro escovei meus cabelos, é noite e nada bom sair com os cabelos molhados assim, mesmo com tempo agradável. 

  Vesti a roupa que Tory me deu, saia preta e blusa lisa azul claro. Coloquei o colar e em seguida meus sapatos pretos. Já disse que sou curiosa? Pois é, estou me segurando para não roer as unhas.  Voltei para o banheiro e fiz a maquiagem, esfumaçado preto e uma fina camada de delineador que destaca bem meus olhos.

  Enquanto arrumava os cabelos, jogando-os de um lado para o outro meu celular tocou, sorri e corri para ver quem era, na esperança de ser o Bruno, Fred ou meu pai, mas não, era a Marie...

-Oi. – Falei.

- Coisa velha! Parabéns, tudo de bom... E aí, vai fazer o que nessa noite especial?  – Perguntou interessada.

- Obrigada pessoa carinhosa! Nada de mais, vou jantar fora com uma amiga!

- Nossa, e as baladas, gatinhos? Cadê? Isso é seu aniversário, tem que aproveitar.  – Me xingou.

- É.. Quem sabe uma balada depois do jantar?  – Animei-me.

- Isso, bom, boa noite, bom jantar, se diverte, sabe que merece! A Mel tá na casa de uma amiga, mas te mandou beijos e tudo de bom.


- Obrigada, beijos à todos!  – Desligamos.

  Peguei uma bolsa de mão preta que tenho, guardei o celular, documentos e dinheiro, desci e Tory estava arrumada e jogada no sofá com uma mochila enorme do lado.

- Que linda!  – Elogiou-me.

- Obrigada. E pra que essa mochila?  – Sabem que sou curiosa, né?

- Peguei umas roupas suas emprestada! Vamos?  – Despachada, cara de pau, educada, minha amiga!

- Vamos.

  Saímos, Tory que foi dirigindo, ela sabe só não tem carro. Me fez colocar uma venda nos olhos, aí tem coisa. Ela tentava me distrair a todo custo, falava sobre músicas, trabalho, homens e nada tirava dos pensamentos as pessoas importantes na minha vida que não lembraram do meu aniversário e sobre o lugar que estávamos indo e eu não podia ver, que merda!

  Finalmente chegamos, ela desceu do carro e eu desci em seguida, ela segurou minha mão e guiou o local, afinal ainda estou com a maldita venda. De longe ouvia-se risadas, vozes e uma música calma...

- Estamos num barzinho?  – Perguntei.

- Aham!  – Respondeu Tory.

- Então tira a venda caramba!  – Reclamei.

- Cala a boca e caminha!  – Educação ficou em casa, ah é, ela não tem.

  Fiquei calada, as vozes cada vez estavam mais próximas de mim, a música mais alta e os risos diminuíram, me senti vigiada, cuidada! Tory parou e retirou a venda com calma.... Puta merda! - Pensei.

- Parabéns, pra você, nessa data querida...  – Todos cantavam em couro.

  Passei meus olhos por toda extensão da sala, estávamos na casa do Bruno, meu pai estava ali, Fred, a banda do Bruno, única irmã dele que conheci, algumas pessoas da revista, os mais próximos, e claro, o Bruno.  Sorri abertamente, senti lágrimas em meus olhos, fui tomada por emoção, alegria, felicidades... Sempre sonhei em uma festa surpresa assim, mas nunca tive, na verdade não tinham quem convidar direito, nunca fui popular e de muitos amigos, e família próxima só tem meu pai, então sempre foi um jantar, um passeio, baladas, pouca coisa.

- Obrigada!  – Agradeci depois do parabéns.

  Todos vieram me abraçar, meu pai, Fred, a banda do Bruno, a Jaime, novamente a Tory e por último o Bruno, confesso, foi quem eu mais esperei e jurei que tinha esquecido.

- Bobinha, achou mesmo que eu tinha esquecido?  – Ele disse no meu ouvido.

- Claro. O que você pensa quando não dão sinal de vida o dia todo?  –  Reclamei e sorri

- Então... – Nos separamos e ele olhou fixamente em meus olhos, segurando minha mão firme. – Nunca tive uma amiga assim, que se tornou especial a cada momento, que me ajudou, apoiou e principalmente me viu chorar, serei eternamente grato a você, e tudo que lhe envolve, quero fazer dessa noite uma das melhores da sua vida, algo inesquecível. – Já estava chorando e ele sorria grato. – Lhe desejo tudo de bom, sei que sabe, mas é para reforçar... – Não o deixei falar mais, o abracei, fechei os olhos e respirei fundo.

- Para de me fazer chorar! – Pedi.

- Depende, consegue entender o quanto é importante pra mim? E que eu não quero que saia da minha vida um dia?

- Pergunto o mesmo para você você! – Nos soltamos e ele beijou minha testa.

  Sequei as lágrimas e fomos nos enturmar... Como ele pode ser tão meigo? Verdadeiro? Carinhoso? Perfeito de uma fez só? Peguei um copo de vinho com Phil e fui conversar com todos, agradecer pela surpresa e por terem vindo. Me aproximei da rodinha do Fred, Tory e uns colegas da revista, pedi licença e o chamei para conversar.

- Obrigada! – O Abracei.

- Não precisa agradecer minha linda! – Retribuiu o abraço mais forte ainda e logo nos desvencilhamos.

- Já sabia de tudo isso? – Perguntei.

- Sim, desde quarta! Tory planejou tudo, não deixou ninguém se comunicar com você desde sexta. – Sorriu.

- Piranha! – Reclamei e ele riu.

  Ficamos nos olhando por uns instantes e ele desviou seu olhar ao relógio no pulso, torceu os lábios e disse:  

- Tenho que ir!

- O que tá acontecendo? Tá fugindo de mais ultimamente! – Disse séria.

- Nada! Desculpa, mas tenho compromissos! Só passei para te ver, desejar os merecidos parabéns e lhe entregar o presente!

- Não vou me meter então! Obrigada! Espero que acabe logo esses compromissos! – Falei e ele olhou para o chão, me deu um beijinho rápido na bochecha e foi se despedir do resto.

  Segui para a área da casa do Bruno onde a banda se encontrava.

- Iiii, vamos mudar de assunto porque ela chegou! – Ryan brincou.

- Se realmente falam de mim, espero que bem! – Sorri.

- É claro! – Um deles comentou.

- Me desculpem, mas não lembro o nome de todos! – Fui sincera.

- É jovem, aprenderá logo! – Outro deles comentou. – Sou o Phred! – Apresentou.

- Sou o gostoso que dança bem, Kam! – Ele disse e os outros riram.

  Todos fizeram uma apresentação engraçada, mas ainda levarei algum tempo para decorar o nome de todos. Saí da rodinha deles e entrei na casa, avistei meu pai conversando com a Jaime, me aproximei deles.

- Quantos anos faz? – Perguntou ela quando me sentei.

- 27. – Sorri. – Todos já sabiam disso? – Perguntei para eles, quero saber dos detalhes.

- Claro! Bruno me ligou na quarta, disse que haveria uma festa aqui e pediu para que eu viesse, cá estou eu! – Ela respondeu.

- Tory me avisou na quarta também, disse para sumir de casa no sábado, e então pediram para eu vim ajudar! – Meu pai explicou.

- Como vocês são espertinhos! Enganaram-me, principalmente você pai... – Ergui as sobrancelhas e ele riu.

  [...]

  Conversas, risadas, músicas, jantar e bebedeira foram ótimos. Agora só resta eu, Bruno, o Ryan, Phil e a Tory. Estávamos atirados pela sala com garrafas de vinho a vontade enquanto os homens davam um show de piadas, haja ar...

- Tá tudo ótimo, mas sou um pai de família e avergonhado, então vou embora, está tarde, e, eu estou sobrando aqui. – Phil disse e nós nos entreolhamos.

- Não quer dormir aqui cara? – Bruno perguntou.

- Não, a noite de vocês vai ser longa e eu pretendo dormir. – Respondeu, preciso dizer que eu e a Tory ficamos um pimentão?

  Nos despedidos dele e começamos a recolher umas coisas, iríamos dormir ali mesmo, está tarde e nós bebemos um pouco de mais, fora de condições dirigir a essa hora.

- Se importam se eu for dormir? – Perguntei.

- Eu também vou. – Bruno disse.

- Não estou com sono! – Tory avisou.

- Podemos ficar! – Ryan deu a ideia e claro, Tory adorou.

- Não aprontem! Boa noite! – Eu disse e Tory me ofereceu o dedo do meio.

  Peguei as sacolas com os presentes e Bruno me ajudou a subir com elas, paramos em frente ao seu quarto e ele pediu para eu entrar, ainda falta seu presente, larguei as mesmas no quarto de hóspedes eu eu e Tory dormiríamos e fui para o quarto dele.

- Demorei muito tempo para decidir o que lhe dar, espero realmente que goste! – Bruno disse me entregando uma caixinha aveludada vermelha, semelhe-se a uma capa de cd.

  Abri-a, era um colar dourado com o meu nome, uma fonte fina e bem desenhada... Sem dúvidas, um dos presentes mais lindos que já recebi na vida. Ponto para o Bruno de novo. Retirei da embalagem e pedi para que ele colocasse em mim, assim fez, aproveitou-se e beijou meu pescoço...

- Muito obrigada, por tudo, a festa, o presente, por ser meu amigo... Tudo! – Abracei-o, hoje é o dia dos abraços.

- Não precisa agradecer Liv! – Puxou o ar para falar mais coisas e desistiu.

  

  Ficamos conversando um pouco e eu resolvi ir dormir, antes com ele, mas não ia me alto convidar, e é melhor assim, ninguém cai em tentação. Saí de seu quarto e fui para o de hóspedes e senti que dormiria sozinha, peguei uma peça de roupa mais confortável que Tory havia levado na mochila, troquei-me. Isso foi tudo combinado! Escovei os dentes e dormi, minhas pálpebras lutavam para ficar abertas a algum tempo...